“Estamos a preparar um aumento muito rápido da inclusão do clima nas considerações que fazemos ao abrigo da análise anual das economias, no artigo IV”, disse Georgieva, durante uma intervenção à margem da cimeira sobre o financiamento das economias africanas, que decorre hoje em Paris, um dia depois da Cimeira da Paz, dedicada aos impactos da pandemia nos países menos desenvolvidos.
Para a responsável do FMI, a pandemia está a ter impactos profundos e duradouros, mesmo em termos de organização do próprio Fundo: “Criámos, na sequência da pandemia, uma posição para a emissão de recomendações políticas aos Estados membros para aprofundarem os projetos com impacto ambiental e para fomentarem o poder das mulheres na economia”.
Georgieva disse que, apesar de a pandemia atingir todas as economias, as mulheres foram as grandes prejudicadas, e entre estas as mães com empregos menos qualificados e filhos pequenos a cargo.
“Falamos numa recessão [recession, em inglês], mas há quem fale num ‘shecession’ e até numa ‘momcession’, porque esta pandemia atinge de forma desigual as mulheres que têm filhos pequenos e empregos menos qualificados”, disse Georgieva, citando um estudo interno do FMI sobre o impacto da pandemia nos rendimentos das famílias.
“Vai haver mudanças estruturais em resultado desta pandemia, estamos agora mais cientes das desigualdades, mas o FMI está cá para ajudar os países a definirem políticas, e entre estas vamos insistir muito na progressividade dos impostos”, ou seja, em impostos que aumentam à medida que sobem os rendimentos.
A responsável considerou que “há partes da economia que estão muito bem, e outras partes que estão à beira do abismo”, que “tem de haver uma distribuição justa dos ganhos” e que esta distribuição “fomente a economia digital, os investimentos verdes, sustentáveis, resilientes ao clima e que potencie o talento”.
A Cimeira de Paris reúne hoje dezenas de líderes africanos e europeus, além de responsáveis de organizações internacionais, para promover discussões e encontrar soluções para o financiamento das economias africanos, a braços com uma redução das receitas e um aumento do custo da dívida pública, que limita o investimento no desenvolvimento económico.
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