A maior parte do foguetão chinês Longa Marcha 5B que estava em rota de colisão com a superfície terrestre ficou destruída ao entrar na atmosfera, como se previa, e o resto dos destroços acabaram por cair no oceano Índico, ao largo das Maldinas, pelas 3h24 da madrugada deste domingo, hora de Lisboa, segundo as autoridades espaciais chineses. Até ao momento, não há registo de danos materiais.
Com 30 metros de comprimento e 21,4 toneladas de peso, foi a quarta maior queda descontrolada de sempre de material espacial no planeta, de acordo com o astrónomo Jonathan McDowell, do Centro Astrofísico Harvard–Smithsonian, nos Estados Unidos da América. A maior continua a ser a que resultou do desastre ocorrido em 1 de fevereiro de 2003 com o vaivém Columbia, que se desintegrou no regresso à Terra, com sete tripulantes a bordo, e cujos destroços caíram, sobretudo, nos estados norte-americanos do Texas e do Luisiana. Pesava mais de 100 toneladas. A queda em 1979 da estação espacial Skylab mantém o segundo lugar da lista divulgada pelo referido cientista.
Na sexta-feira, Pequim tinha classificado como “extremamente fraco” o risco de danos na superfície terrestre devido à entrada descontrolada na atmosfera do foguetão. O seu tamanho e a velocidade a que viajava, perto de 28 mil quilómetros por hora, levaram à ativação das mais importantes agências de monitorização espacial do mundo, como o Pentágono ou o Serviço de Vigilância e Acompanhamento Espacial da União Europeia.
Na semana passada, a China lançara no Espaço, recorrendo ao foguetão Longa Marcha 5B, o módulo Tianhe, ou Harmonia Celestial, para a sua primeira estação espacial permanente, que visa hospedar astronautas a longo prazo. “A probabilidade de causar danos às atividades aéreas ou no solo é extremamente fraca”, disse à imprensa um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin. “Devido à composição técnica deste foguete, a maioria dos componentes será incinerado e destruído ao entrarem na atmosfera”, acrescentou.
Durante a última madrugada, circularam no Twitter alguns vídeos de avistamentos do que restava do foguetão chinês, na sua trajetória descendente até às águas do Oceano Índico.
O lançamento da semana passada foi o primeiro de 11 missões necessárias para construir e abastecer a futura estação espacial chinesa e enviar uma tripulação de três pessoas até ao final do próximo ano.
Pelo menos 12 astronautas estão a treinar para viver na estação, incluindo veteranos de missões anteriores. A primeira missão tripulada, a Shenzhou-12, está prevista para junho.
Quando concluída, no final de 2022, a Estação Espacial Chinesa deverá pesar cerca de 66 toneladas, consideravelmente menor do que a Estação Espacial Internacional, que pesará cerca de 450 toneladas e para a qual o primeiro módulo foi lançado em 1998.