O regulador norte-americano para a aviação (FAA) ordenou na terça-feira uma inspeção aprofundada das pás dos motores dos Boeing 777, para detetar fissuras, após um incêndio de um motor em pleno voo, no Colorado, no domingo.
Segundo as primeiras conclusões do inquérito, os danos constatados indicam “desgaste do metal” das pás do motor fabricado pela empresa Pratt & Whitney, que já assegurou que vai conduzir todas as inspeções necessárias.
“Depois de examinar os dados disponíveis e tido em conta outros fatores de segurança, a FAA determinou que [as companhias aéreas] devem efetuar uma inspeção por imagiologia termo-acústica das grandes pás da ventoinha em titânio situadas à frente de cada motor”, informou a Administração para a Aviação Federal.
Esta tecnologia permite “detetar fissuras nas superfícies das pás ocas da ventoinha ou em zonas que não podem ser vistas”, explicou o regulador.
Em função dos resultados, a FAA poderá vir a determinar inspeções mais frequentes destes motores, precisou a organização em comunicado.
No domingo, o regulador norte-americano já tinha exigido inspeções urgentes aos aviões Boeing 777 equipados com este tipo de motor.
Nessa altura, o responsável da FAA, Steve Dickson, disse serem necessárias verificações adicionais destes motores.
“Com base em informações iniciais, concluímos que o intervalo entre inspeções deve ser encurtado para as pás ocas do ventilador, que são exclusivas deste tipo de motor, utilizadas apenas nos Boeing 777”, explicou.
No sábado, um Boeing 777-220 da companhia norte-americana United Airlines, que descolou de Denver, Colorado, com destino a Honolulu, no Hawai, com 231 passageiros e 10 membros da tripulação a bordo, foi forçado a regressar ao aeroporto de onde partiu, depois de o motor direito se incendiar em pleno voo.
O avião aterrou em segurança no aeroporto de Denver e nenhum dos ocupantes ficou ferido.
Imagens filmadas por um passageiro do voo UA328 mostram o motor direito em chamas, com a fuselagem do motor destruída. Partes do motor caíram numa área residencial, sem no entanto provocar feridos.
Na segunda-feira, o fabricante norte-americano Boeing recomendou a imobilização de 128 aviões do modelo 777 que se encontram em serviço (69 usados pela United Airlines, Japan Airlines, All Nippon Airways, Asiana e Korean Air) ou em reserva (59).
Segundo órgãos de comunicação norte-americanos, as únicas companhias aéreas que utilizam este modelo estão situadas nos Estados Unidos, no Japão e na Coreia do Sul.
A Boeing teve graves problemas nos últimos anos com outro modelo, o 737 MAX, que esteve imobilizado durante 20 meses devido a dois acidentes que provocaram 346 mortos em seis meses.
Um aparelho daquele tipo sofreu um acidente num voo da Ethiopian Airlines, em março de 2019, que provocou 157 mortos, e numa viagem da Lion Air, na Indonésia, em outubro de 2018, que fez 189 mortos.
Os voos comerciais do Boeing 737 MAX foram retomados em dezembro de 2020, primeiro no Brasil e depois nos Estados Unidos e Canadá, com o primeiro voo comercial na Europa realizado em 17 de fevereiro, pela companhia aérea belga TUI fly.
PTA // EJ