Discursando na abertura da cimeira anual da UA, o Presidente da África do Sul evocou o empenho global na “luta sem precedentes” contra a pandemia, que “causou grande sofrimento e dificuldades” no continente africano, “aprofundou a desigualdade global” e “ameaça travar os progressos” para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Apesar da convulsão causada por esta doença, a nossa resposta como continente tem sido de parceria, resiliência, inovação e partilha de estratégias e recursos. A população deste continente tem-se mostrado versátil e ágil”, afirmou, num discurso divulgado pela presidência da África do Sul.
Para Cyril Ramaphosa, a pandemia demonstrou “a importância e o valor” da União Africana, cujas estruturas permitiram “conduzir uma resposta coletiva”, “mobilizando recursos para benefício de todos” e para que “nenhum país seja deixado para trás”.
“Quando nos preparamos para a gigantesca tarefa de vacinar as nossas populações contra a covid-19, contamos com a UA e com os seus parceiros para a assistência e apoio de que precisamos”, afirmou.
Cyril Ramaphosa apontou ainda que, apesar da “luta monumental” contra a covid-19, foi possível lançar o acordo para a criação da zona de comércio livre continental africana, que abre “grandes oportunidades” de “crescimento, desenvolvimento e prosperidade”.
O responsável sul-africano evocou ainda “progressos para levar paz e estabilidade a partes do continente há muito assoladas por conflitos”, mas admitiu que “há ainda um longo caminho a percorrer para silenciar as armas” em África, afirmando a “determinação e capacidade” da UA para o conseguir.
A cimeira anual da UA decorre hoje e domingo em formato virtual, com uma agenda marcada pela luta contra a covid-19, a eleição da nova liderança executiva da organização para os próximos quatro anos e a passagem da presidência rotativa da organização para a República Democrática do Congo.
o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, antigo primeiro-ministro e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, é o único candidato à sua própria sucessão à frente do órgão executivo da União Africana.
Contudo, terá de conseguir dois terços dos votos e ultrapassar as acusações, que rejeita, de “uma cultura de assédio sexual, corrupção e intimidação dentro da comissão”, segundo um relatório recente do International Crisis Group (ICG).
Caso não obtenha os apoios necessários, permitirá à UA abrir o lugar a outros candidatos.
A União Africana foi criada a 11 de julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade Africana (OUA), fundada a 25 de maio de 1963, e reúne atualmente 55 estados-membros, incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
MDR (CFF) // VM