Investigadores da Universidade da Basileia, na Suíça, onde o trabalho foi realizado com ratos, admitem que estas células podem desempenhar um papel idêntico contra uma reinfeção por outros agentes patogénicos que causam doenças respiratórias.
A covid-19, que se tornou uma pandemia, é uma doença respiratória provocada por um novo coronavírus, o SARS-CoV-2.
Desde que apareceu, os cientistas identificaram no SARS-CoV-2 várias mutações, a maioria sem consequências, mas algumas podem fazer com que o vírus se torne resistente e seja mais contagioso.
Em outubro e novembro foram descobertas duas variantes do SARS-CoV-2, uma na África do Sul e outra no Reino Unido, respetivamente, que apresentam uma mutação (alteração genética fruto da replicação do vírus aparentemente mais transmissível.
Na experiência feita com ratos, cujos resultados foram publicados hoje na revista da especialidade Science Immunology, os investigadores da Universidade da Basileia verificaram nos tecidos do pulmão que um grupo de células imunitárias auxiliares (células T auxiliares) melhora a resposta à reinfeção por uma estirpe diferente do vírus da gripe, o que, em seu entender, pode perspetivar o desenvolvimento de uma vacina contra a gripe mais duradoura.
O vírus da gripe muda constantemente e, por isso, a vacina é diferente cada ano.
No caso da covid-19, a questão de quanto tempo dura a imunidade contra o SARS-CoV-2 – seja a adquirida artificialmente através de uma vacina, seja a obtida naturalmente depois de uma infeção primária – continua em aberto.
A memória imunológica – na qual interagem células imunitárias, anticorpos e substâncias de sinalização – é o que permite ao corpo lutar contra agentes patogénicos (vírus, bactérias, parasitas…) conhecidos de forma rápida e eficiente.
No estudo hoje publicado, e citado em comunicado pela Universidade da Basileia, os seus autores descrevem dois tipos de células T auxiliares nos tecidos pulmonares.
Um deles liberta substâncias sinalizadoras em caso de reinfeção para capacitar outras células imunitárias de “armas” mais mortíferas no combate a um patógeno.
O outro tipo, anteriormente considerado ausente dos pulmões, auxilia as células imunitárias produtoras de anticorpos (células B).
A presença deste tipo de células auxiliares na proximidade das células B levou a uma resposta imunitária mais eficiente contra uma variante do vírus da gripe, asseveram os autores do estudo.
Para David Schreiner, coautor do artigo e investigador no Departamento de Biomedicina da Universidade da Basileia, “estas células T auxiliares podem ser um ponto de partida interessante para vacinas contra a gripe de longa duração”, podendo ser possível, por exemplo, reforçar as vacinas com agentes que promovam a formação destas células imunitárias auxiliares, que migram para tecidos de órgãos como os pulmões.
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