Foi a segunda vez na história que um Presidente dos Estados Unidos fez o tão esperado discurso anual do Estado da União a meio de um processo de impeachment (Bill Clinton já o tinha feito em 1999).
Contudo, decidiu ignorar o assunto que toma conta da política dos EUA há meses, preferindo, esta terça-feira, focar-se em temas como a saúde, a educação, a economia, mas também as armas e o Irão, o coronavírus e a fronteira com o México, intensificando os aspetos alegadamente positivos da sua governação e a esperança num futuro risonho.
Mas não foi só um discurso feito ao estilo de comício de campanha eleitoral que aconteceu na última noite. Durante mais de uma hora, Trump quis atribuir a medalha presidencial da liberdade a Rush Limbaugh, comentador político conservador e defensor acérrimo do Presidente. Isto porque Limbaugh anunciou, na segunda-feira, que está a combater um cancro do pulmão em fase avançada.
Além disso, decidiu criar um momento de reencontro familiar entre um militar, o sargento Townsend Williams, que estava no Afeganistão, e a sua família. Com isto, Trump garante estar a tentar acabar com a “guerra mais longa dos EUA”.
Porém, a altura mais marcante da noite aconteceu, inesperadamente, no final do discurso. Enquanto os republicanos aplaudiam o presidente americano, Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes, decidiu rasgar a cópia do discurso que Trump lhe tinha entregado no início da sessão, um momento que já se tornou viral nas redes sociais, com vários memes criados.
“É um manifesto de inverdades”, respondeu aos jornalistas mais tarde, referindo não ter encontrado “uma única página com verdade”. No início da noite, Pelosi anunciou a entrada do Presidente na sala e depois estendeu-lhe a mão, mas Trump não quis cumprimentá-la. Foi precisamente Nancy Pelosi que, no ano passado, anunciou o processo de impeachment contra o Presidente.
Este foi o terceiro discurso do Estado da Nação de Trump, um dia antes da sua quase certa absolvição no julgamento no Senado.