A informação foi revelada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na sigla em inglês) e está a ser divulgada pelos jornais alemães: Isabel dos Santos beneficiou da influência de José Eduardo dos Santos para conseguir fundos alemães, através do KfW Ipex, uma filial do banco público de fomento ao desenvolvimento KfW.
O empréstimo terá sido tomado por um banco que tinha 75% do capital pertencente ao Estado angolano e Isabel dos Santos teria usado esse dinheiro para pagar equipamento técnico alemão, em 2015. Em questão está uma fábrica de cerveja e duas linhas de engarrafamento da Krones AG, uma empresa da Baviera. Segundo as publicações germânicas, “a ascensão da Sodiba no mercado africano de bebidas foi possível não só através de empréstimos da Alemanha, mas também através de uma intervenção do ex-Presidente [José Eduardo dos Santos]”, que teria usado o seu poder para “aprovar o projeto de investimento em primeiro lugar. Além disso, o seu governo prometeu à empresa benefícios fiscais”, segundo as emissoras NDR e WDR.
Os mesmos órgãos de comunicação, e também o Süddeutsche Zeitung revelam ainda que os sinais de nepotismo que já existiam antes do negócio da Sodiba não foram tidos em conta pelas autoridades alemãs, aquando da aprovação do empréstimo.
EM resposta oficial à NDR e a WDR, o banco de fomento alemão afirmouque o negócio tinha sido financiado em conjunto com o banco angolano e que confiou nas verificações de conformidade na época. No mesmo sentido, a Krones AG afirmou aos repórteres que não sabia que era Isabel dos Santos quem administrava a Sodiba, embora a participação da empresária tenha sido sempre conhecida – a empresa é detida por si e pelo marido Sindika Dokolo, ao que a VISÃO conseguiu apurar e tal como escreveu na passada edição 401, de dia 9 de janeiro.
Isabel dos Santos tem-se manifestado através das redes sociais, sobretudo do Twitter, desde que estão a ser noticiadas irregularidades em vários negócios da empresária. O ICIJ teve acesso a milhares de documentos que foram analisados e trabalhados por centenas de jornalistas em 20 países – em Portugal, o Expresso e a SIC integram o consórcio –, mas Isabel dos Santos tem negado qualquer irregularidade e continua a acusar de perseguição política as informações que têm vindo a público.