O ambiente político que se vive em Israel desde o início do ano poderia ser definido com inúmeros adjetivos. Mas nunca lhe assentaria bem “monótono”, “previsível”ou “aborrecido”.
Esta quinta-feira, 21, o procurador-geral Avichai Mendelblit anunciou que, depois de três anos de investigações, acusava formalmente Benjamin Netanyahu em três processos distintos.
Num caso, por corrupção, fraude e abuso de confiança pelo favorecimento ao grupo de telecomunicações Bezeq, detentor do jornal Walla News, que lhe daria uma cobertura noticiosa mais favorável; noutro por ter combinado com o diretor do jornal Yedioth Ahronoth que limitaria a atividade do jornal concorrente Israel Hayom, em troca de “boa imprensa”; num outro processo, é acusado de fraude e abuso de confiança por aceitar as mais variadas ofertas de empresários em troca de favores políticos.
É a primeira vez que um primeiro-ministro em funções é acusado formalmente, desde a fundação do país, em 1948. Há 10 anos Ehud Olmert foi julgado também por corrupção mas demitiu-se do governo e da liderança do partido Kadima antes das acusações formais (foi condenado a 12 anos de prisão, em vários processos, e cumpriu 16 meses de prisão efetiva).
Netanyahu já reagiu à notícia, falando de uma “caça às bruxas” e recusando demitir-se, avança o jornal Haaretz. Legalmente, não é obrigado a fazê-lo.
Este anúncio do Procurador-Geral surge num momento particularmente sensível, com Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, a anunciar que desistia de tentar constituir um governo alternativo a um executivo liderado por Netanyahu, do Likud. Nenhum dos partidos mais votados nas eleições do mês passado reuniram condições para formar uma coligação viável, e a hipótese de um governo de unidade nacional foi sempre afastada por Gantz caso o primeiro-ministro em funções fosse acusado. Fica aberto caminho para novas eleições: as terceiras este ano.
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