O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, aplaude a criação de um “eixo” anti-imigração na Europa e a união entre líderes de extrema-direita para dirigir a União Europeia.
Orbán diz que gostava que as instituições da UE fossem dominadas por países e líderes contra a imigração e que se vai juntar à Itália e à Polónia para mudar a direção do bloco europeu.
Num discurso proferido esta manhã, referiu que “o eixo Roma-Varsóvia é capaz de assumir responsabilidades, governar e opor-se à imigração”. Acrescentou ainda que “existirão duas civilizações” na UE: uma que mistura muçulmanos e cristão no ocidente e outra, tradicional, na Europa central”.
As palavras de Orbán vêm na sequência de reuniões recentes entre líderes italianos e polacos para formarem uma aliança euro-cética.
Ontem, Matteo Salvini, ministro do Interior do governo de Itália, reuniu-se, à porta fechada com o seu homólogo polaco, Joachim Brudzinski, em Varsóvia. Enquanto Salvini, do partido de extrema-direita Liga, defendeu “uma nova primavera da Europa” que leve ao “renascimento dos valores europeus”, Brudzinski, do partido euro-cético Lei e Justiça (PiS) que governa a Polónia, apenas disse que falaram sobre migração e segurança das fronteiras na UE.
Salvini já tinha falado com Viktor Orbán, em agosto, em Milão, e houve troca de elogios entre os dois e palavras para que os seus vizinhos europeus travem a chegada de imigrantes e refugiados.
Horas antes do discurso desta manhã de Orbán, e numa aparente atitude concertada, Salvini disse que quer “criar um pacto, uma aliança com todos aqueles que querem salvar a Europa e, quantos mais quiserem, melhor”.
Já esta semana, o populista primeiro ministro polaco Mateusz Morawiecki revelou que está na mesma onda que Salvini “em muitos assunto relacionados com a UE” e acrescentou que Bruxelas “discrimina” a Polónia.
Em maio, há eleições para o Parlamento Europeu, e os especialistas preveem que a extrema-direita ganhe mais lugares no hemiciclo, aumentando o resultado que teve em 2014.
Algumas sondagens apontam que a extrema-direita possa vir ser o segundo grupo mais votado nestas eleições, embora as diferenças entre os partidos de alguns países tornem difícil uma coligação.
Quanto à aliança ou “eixo Roma-Varsóvia” de que falou Orbán, o porta-voz da Comissão Europeia diz que “as pessoas são livres de falarem com quem quiserem, mas são os eleitores que decidem quem governa em cada um dos países”.