Marion Maréchal. Conhece este nome? Se acrescentarmos o apelido Le Pen é natural que a associe à Frente Nacional, o partido francês de extrema-direita fundado por Jean-Marie Le Pen e hoje presidido pela sua filha Marine Le Pen.
Marion é neta e Jean-Marie e sobrinha de Marine, mas num golpe de asa deixou, agora, cair o apelido da mãe e apresentar-se apenas como Marion Maréchal. É assim que, aos 28 anos, aparece nos perfis das redes sociais e no site da nova universidade que criou, com dinheiro de empresários, e que dirige.
O Instituto de Ciências Sociais Económicas e Políticas (ISSEP na sigla francesa) está, este mês, a começar as aulas para uma certa elite francesa que é da opinião que a direita está a ficar demasiado mansa e que é necessário formar novos líderes conservadores e, claro, como uma visão da direita mais apertada.
Os mestrados e cursos de formação do ISSEP, na cidade de Lyon, pretendem criar novos “visionários”, nas palavras de Marion. “Temos políticos que sabem fazer boas campanhas eleitorais, mas não sabem ser líderes”, disse ao site Político. “Temos de transformar esta desorientada elite que sabe pouco da História francesa e da sua herança.”
“A arte da desinformação” como disciplina de curso
As pessoas que chamou para estarem ao seu lado no instituto são como um elenco de direita e extrema-direita.
O co-presidente do Conselho Científico, Patrick Louis, é do partido conservador Movimento para a França, do qual é secretário-geral desde 2008. Também neste conselho figuram Jacques de Guillebon, próximo de Marion Maréchal e editor da L’Incorrect (revista lançada em finais de 2017 que se posiciona entre a direita e a extrema-direita e que defende os ideais de Marion), Pascal Gauchon (ex-secretário geral do partido neofascista Partido das Forças Novas) ou Thibaud Collin (apoiante de Marine Le Pen e membro do conselho editorial da L’Incorrect). Outro destacado membro deste Conselho Científico é o inglês Raheem Kassam ex-editor-chefe do Breitbart, em Londres – o site de extrema-direita fundado nos EUA que lançou notícias falsas e teorias da conspiração para favorecer a eleição de Donald Trump.
As inscrições já estão fechadas para este ano letivo. As ofertas passam por um curso de dois anos em Gestão e Ciência Política com disciplinas como “a arte da desinformação”, “história e estratégia militar” ou “o Islão e as civilizações islâmicas: análise de uma nova tendências global”.
Marion diz que “esta não é uma escola de um partido”, embora “o ensino tenha uma tendência conservadora”. Trazer “ar fresco” para a política, como refere a diretora da escola, é o mesmo que formar jovens que gravitam à volta da Frente Nacional.
Marion Maréchal foi a parlamentar mais jovem eleita em França. Aos 22 anos sentou-se no hemiciclo, como deputada da Frente Nacional, e foi vista como a grande promessa da direita. Mas em 2017 afastou-se da política para seguir um rumo próprio.