O Ostersund FK é uma equipa diferente da maioria das equipas de futebol. Em apenas oito anos, conseguiu sair da quarta divisão sueca e entrar nas qualificações para a Liga Europa, onde vai defrontar o Arsenal.
O sucesso repentino da pequena equipa deve-se a um homem e aos seus métodos “peculiares” enquanto treinador: o inglês Graham Potter.
Potter tem formação em ciências sociais e um mestrado em liderança e inteligência emocional. Começou a treinar a equipa em 2010, depois do presidente do Ostersund, Daniel Kindberg, lhe ter proposto o cargo. Até então, Potter apenas tinha sido treinador de equipas de futebol universitário, na Leeds Beckett University e na University of Hull.
Quando chegou à Suécia, deparou-se com um clube pequeno e isolado, com poucas centenas de adeptos e uma mão cheia de jogadores. Desde então, o treinador recorreu à sua formação profissional para criar uma equipa unida e coesa. Em apenas oito anos, a equipa passou de jogar na quarta divisão sueca à participação na Liga Europa.
O treino proporcionado por Potter não se foca apenas na técnica futebolística, vai muito mais além. O seu segredo é acreditar que, antes de jogadores, a equipa é composta por pessoas, com capacidades e dificuldades próprias.
Foi este mesmo pensamento que o levou a criar uma “agenda cultural” para os jogadores e membros do staff do Ostersund, na qual estes colaboram na composição canções, danças e peças de teatro para o público – uma das performances mais famosas foi uma adaptação do Lago dos Cisnes, de Tchaikovski.
Para o treinador, tirar as pessoas da sua zona de conforto é uma maneira eficaz de promover o crescimento pessoal, estimular o espírito de equipa entre os jogadores e elevar a confiança e a autoestima individuais – tudo qualidades necessárias no futebol. Potter acredita ser importante cometererros para que, através deles, se possa aprender.
Lasse Lindin, secretário do clube e um dos seus fundadores originais, lembra-se da primeira vez que falou com Potter.
“A maioria dos treinadores de futebol apenas fala sobre formações, mas o Graham falava acerca do processo de aprendizagem e de como construir um ser humano. Ele era totalmente diferente enquanto treinador de futebol”, conta ao Independent.
“Ele percebe que os jogadores e o staff são humanos, e sabe como retirar o máximo possível de cada indivíduo sem comprometer o sentimento de equipa”.
Para chegar a esta fase da Liga Europa, o Ostersund teve de eliminar o Hertha Berlin, o Atlético de Bilbao e o Galatasaray. Contudo, derrotar o Arsenal não é uma tarefa fácil.
O primeiro jogo contra os ingleses, na passada quinta feira, acabou com uma derrota em casa por três golos a zero. Fica ainda a faltar o jogo da segunda mão, esta quinta, 22, em Londres, mas poucas são já as esperanças de os suecos continuarem em prova. Ainda assim o feito de chegar aos 16-avos de final desta competição já, só por si, notável. Como se diria no teatro;”Bravo!”