A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que esperava “um melhor resultado” nas eleições de hoje, depois de conseguir a reeleição para um quarto mandato, e prometeu reconquistar o eleitorado do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
“Nós alcançamos o objetivo estratégico”, disse Merkel na sede do partido União Democrata Cristã (CDU), em Berlim, referindo que o resultado foi “menos bom” do que esperava, mas que nenhum outro partido, a não ser o seu, poderá tentar formar uma coligação de governo.
O bloco conservador de Merkel ganhou as eleições gerais com 32,7% dos votos, 12 pontos a mais do que os sociais-democratas, de acordo com as primeiras projeções de voto transmitidas pela televisão pública ZDF, enquanto o AfD, de extrema-direita, passou a ser a terceira força política, com 13,4%. Do outro lado, a esquerda radical Die Linke deve chegar aos 9 por cento. As outras formações a entrar no Parlamento são os liberais do FDP (10,5%) e os Verdes (8,9%), com quem Merkel deverá tentar formar Governo.
Extrema-direita promete “mudar o país”
O partido de extrema-direita nacionalista e anti-imigração alemão, Alternativa para a Alemanha, prometeu hoje “mudar o país” e fazer “marcação” à chanceler, no seguimento da entrada no Parlamento e da subida a terceira força política.
“Nós vamos mudar o país, vamos fazer marcação à senhora Merkel, vamos recuperar o nosso país”, disse Alexander Gauland, um dos cabeças de lista do partido, que ganhou entre 13 a 13,5% dos votos nas eleições legislativas que hoje decorreram na Alemanha, segundo as projeções das televisões locais.
SPD rompe “grande coligação”
O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) anunciou hoje que não está disponível para formar um governo de coligação com a CDU de Angela Merkel, terminando assim a ‘grande coligação’ que governou o país nos últimos quatro anos.
“Esta tarde termina o trabalho com a CDU e a CSU”, os dois partidos conservadores liderados por Angela Merkel e que governavam em coligação com o partido de Martins Schulz desde 2013.
“Nós recebemos um mandato claro dos eleitores para ir para a oposição”, disse Schulz, admitindo “um dia difícil e amargo para a social-democracia alemã”.
Referindo-se à entrada da extrema-direita no Parlamento, com pelo menos 13% dos votos, segundo as sondagens, Schulz disse que é “uma cisão que nenhum democrata pode ignorar”.
A ida para a oposição do SPD impede que os nacionalistas da extrema-direita sejam o principal partido da oposição, mas deixa Merkel sem maioria no Bundestag.
“Perdemos a eleição federal”, admitiu o antigo presidente do Parlamento Europeu, acrescentando que o partido que fez parte da coligação de Merkel contribuiu para leis importantes, como a criação de um salário mínimo.
“Claramente, não conseguimos manter nem expandir a nossa base tradicional de apoiantes”, lamentou.