Donald Trump arrasou com a sua entrada à rock star, no meio do nevoeiro, ao som de “We are the champions” dos britânicos Queen. As 15 mil pessoas que assistiam no polidesportivo não pareceram preocupadas com a falta de ideias e renderam-se – mais uma vez – ao discurso anti-imigração ilegal e anti-terrorismo.
Embora deliciada com o próprio Trump, a audiência republicana só ficou verdadeiramente rendida perante a aparição de Melania, a jovem mulher do candidato à presidência dos Estados Unidos. Durante cerca de uma hora, a ex-modelo eslovena falou do que os americanos mais gostam de ouvir: são os melhores dos mundo. Tanto que a nacionalidade norte-americana que lhe concederam foi “o melhor presente do mundo”.
Até o ligeiro sotaque e alguns erros gramaticais terão jogado a favor de Melania, que funcionou como a personagem a fazer brilhar o resto do elenco pelo contraste. Depois de uma noite dedicada às questões de segurança nacional, com vários discursos sobre perigos iminentes, incluindo o de Michael Luttrell, reformado da Marinha, para quem “o mundo para lá das nossas fronteiras
é um sítio escuro, um sítio assustador”, a candura de Melania parecia o desfecho perfeito.
Não fora a boa memória dos muitos que, pouco depois, publicavam nas redes sociais vários parágrafos do mesmíssimo discurso – lido oito anos antes pela atual primeira-dama Michelle Obama, na Convenção Democrática.
Chavões como “necessidade de trabalho árduo e famílias fortes”, ou “é preciso trabalhar muito para se conseguir o que se quer na vida” parecem partilhados por democratas e conservadores.
O plágio é um assunto a que os americanos são tradicionalmente sensíveis, mas resta saber até que ponto estragou um evento político mais marcado pela paixão das palavras do que pela novidade das ideias.
De resto, o plágio em política é tudo menos novo. Em 2013, a ministra da Educação alemã, Annete Shavan, renunciou ao cargo depois de perder o título de doutora da Universidade de Düsseldorf por ter plagiado um trabalho apresentado em 1980.
Em Portugal, há dois anos, o Governo de Passos Coelho perdeu o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário quando uma notícia do jornal Público denunciou o plágio de partes de textos sobre educação apresentados num seminário em 2007.