Hassan Khomeini
O neto mais carismático do fundador da República Islâmica, Hassan Khomeini, 43 anos, é a prova de que, hoje, são os “homens de farda” e não os mullahs quem mais ordena. O Conselho dos Guardiões, dominado pelos Guardas da Revolução, concluiu que o hojatoleslam formado no seminário de Qom “não tem conhecimento suficiente da lei islâmica” para integrar a assembleia que irá designar o sucessor do actual líder, Ali Khamenei. O que impediu a desqualificação de Hassan é o seu apoio aos reformistas do regime. Em 2002, defendeu um professor acusado de “insultar o Islão”, dizendo que cada geração “deve ter a sua própria interpretação da religião”. Foi logo acusado de “corrupção”. Em 2008, declarou: “A presença das armas na política levará ao fim de todo o diálogo.” Em 2009, apoiou o candidato da oposição às legislativas, Mir Hossein Mousavi, e faltou à tomada de posse do contestado Presidente Mahmoud Ahmadinejad. Em 2011, afirmou: “O extremismo é o maior perigo.”
Naeimeh e Ali
Irmãos de Zahra, a engenheira petroquímica Naeimeh e o engenheiro civil Ali Eshraghi são também reformistas. Em 2011, Naeimeh apoiou uma campanha de mulheres contra o véu obrigatório. Defende negociações directas com os EUA, “porque não há inimigos eternos”, e tem acusado o ayatollah Ali Khamenei, sucessor do avô, de obstruir a democracia. Quanto a Ali Eshraghi, o irmão mais novo, foi impedido de concorrer às legislativas em 2008. A decisão nunca foi explicada, mas ele contou à Associated Press, que os vizinhos foram questionados sobre se rezava e jejuava. “Atacam–nos porque se desviaram do caminho traçado pelo nosso avô”.
Zahra Eshraghi
Rebelde como a tia Zahra Mostafavi, a feminista Zahra Eshraghi, 52 anos, não aprova sequer o véu imposto pelo avô. “Não deve ser obrigatório”, declarou a activista de lenços coloridos e calças de ganga, cunhada do ex-Presidente Mohammad Khatami. Em 2004, foi impedida de concorrer às legislativas. Em 2006, inscreveu o nome na petição Um Milhão de Assinaturas, exigindo a revogação de leis que discriminam as mulheres. “O Governo ilude-se ao pensar que o pensamento único e a limitação das escolhas dos eleitores impedirão ameaças externas”, disse à agência IPS. Durante os protestos do Movimento Verde contra Ahmadinejad, em 2011, Zahra e o marido, Reza Khatami, foram detidos por apoiarem a oposição. Em 2013, ambos regozijaram com a vitória do pragmático Hassan Rouhani.
Ali, Yasser e Hossein
Casado com uma neta do ayatollah Ali Sistani, a mais importante autoridade religiosa xiita no Iraque, Ali Khomeini está ligado a duas famílias rivais. Sistani jamais aceitou o conceito de velayat-e faqhi (governo do jurista) e o estatuto de Marja-e Taqlid (Fonte de Emulação) do teólogo de Qom. Ali Khomeini passou grande parte da infância com o avô no exílio mas, em 2009, apoiou Mousavi, avisando que o regime “se tornaria menos legítimo” se não se reformasse. O irmão Yasser Khomeini deu o voto a Mehdi Karroubi, outro candidato da oposição.
O mais controverso de todos os netos é Hossein Khomeini, teólogo como Ali e Yasser. Em 1981, foi preso por dizer que a teocracia é pior do que foi o reinado do Xá. Em 2003, defendeu para o Irão uma intervenção militar americana como a do Iraque: “A revolução do meu avô devorou os seus filhos.”