Por estes dias, a travessia do Mediterrâneo entre a Turquia e a Grécia continua mortal, muito por causa dos ventos. No domingo, 25, um barco virou-se ao largo de Lesbos. A guarda costeira grega resgatou 63 migrantes, contabilizando sete pessoas desaparecidas. Mais tarde, deram à costa três corpos, de uma mulher, a sua filha de 6 anos e um rapazinho, todos afegãos.
Logo no dia seguinte, um barco de plástico desfez-se contra umas rochas com 36 migrantes a bordo – o corpo de um deles, uma mulher afegã, acabaria aparecer. E, na quarta-feira, 28, pelo menos 11 migrantes morreram em cinco incidentes diferentes, um deles envolvendo um barco que levava 242 pessoas.
As mortes no Mediterrâneo não são de hoje, já se sabe, mas não param de crescer. Este ano, até ao dia 28 de outubro já foram contabilizadas 3 268 mortes na travessia, contra 3 149 durante todo o ano passado. Os meses piores foram os de mar chão, como é natural. Em abril, o mês mais mortífero, morreram 1 246 migrantes, suplantando as mortes ocorridas durante verão (1 157 entre junho e setembro).
Sempre a chegar
Muita gente continua a tentar a sua sorte nas várias rotas do Mediterrâneo, arriscando uma travessia que a Organização Internacional para as Migrações (OIM) classifica como “mortal”. Este ano, até terça-feira, 27, chegaram de barco à Grécia 704 227 migrantes. E, só em outubro, foram cerca de 160 mil. A Síria ocupa o primeiro lugar no Top 5 das nacionalidades de origem destes migrantes, seguida de longe pelo Afeganistão, Iraque, Paquistão e Albânia. Cerca de 99 mil chegaram à ilha de Lesbos, 22 mil a Chios, 21 500 a Samos e cerca de 7 500 a Leros.
Só no último fim de semana, a polícia helénica contou 9 438 mil migrantes, apesar do mau tempo no mar. Já em terra, na semana de 19 a 25 de outubro, atravessaram a fronteira da Grécia com a Macedónia cerca de 42 950 pessoas.
Todos estes números são do Projeto Migrantes Desaparecidos, lançado há dois anos pela OIM na sequência da morte de pelo menos 368 migrantes perto de Lampedusa. O projeto usa dados estatísticos dos governos e notícias que lhe chegam de ONG e dos media. Os números reais deverão ser consideravelmente altos, notam os seus responsáveis, que olham a Europa como o destino mais perigoso do mundo para migrantes “irregulares”.