O cartoonista Rénald Luzier, mais conhecido pelo seu pseudónimo Luz, do jornal satírico francês Charlie Hebdo, vai deixar de desenhar Maomé. Depois de ter desenhado o profeta com a frase “Je suis Charlie” – “Eu sou Charlie”, a mensagem de solidariedade que correu o mundo em resposta ao ataque terrorista de 7 de janeiro -, que figurou na capa da primeira edição que saiu depois do atentado, o cartoonista defende agora que não volta a desenhar Maomé.
“Já não me interessa” disse Rénald em entrevista à revista francesa Les inRockuptibles. “Fiquei cansado, tal como fiquei cansado de desenhar Sarkozy. Não vou passar a minha vida a desenhá-los”. Isto significa que os radicais islâmicos que invadiram a redação do jornal satírico e atiraram indiscriminadamente, matando 12 pessoas, conseguiram o seu objectivo? O cartoonista continua a defender que “os terroristas não ganharam. Ganhariam se toda a França continuasse assustada”.
A caricatura do número do Charlie Hebdo que saiu depois do atentado sob o título “Tudo está perdoado” disparou a circulação habitual: dos cerca de 60 mil jornais que costumavam ir para as bancas, o polémico semanário passou para cerca de oito milhões nos últimos meses.
Luz, nome com que Rénald Luzier assina os seus trabalhos, lança agora “Catharsis”. Um livro que, segundo o cartoonista, foi a forma de se expressar depois da tragédia que vitimou os seus colegas.