A “previsão” é do holandês Jan Cocheret, um piloto de Boeing 777, que escreveu estas palavras numa revista especializada, menos de dois meses antes de o copiloto Andreas Lubitz se trancar no cockpit, deixando de fora o piloto do Airbus 320 da Germanwings, para fazer o avião despenhar-se nos Alpes franceses, com 150 pessoas a bordo.
“Penso seriamente em quem está sentado ao meu lado”, confessou ainda, no artigo publicado na Piloot en Vliegtuig (Piloto e Avião), intitulado “Pode apenas abrir a porta?”, onde defendeu que as medidas de segurança pensadas para impedir sequestradores de assumir o controlo dos aviões e evitar atentados como os do 11 de Setembro podem ser também usadas contra o comandante do voo.
Sabe-se que o piloto do A320 tentou desperadamente abrir a porta do cockpit, que encontrou trancada depois de uma ida à casa de banho, com o que se julga ter sido um machado, enquanto gritava a Andreas Lubitz “Abre o raio da porta!”. O copiloto tinha desativado o sistema que permite ao piloto abrir a porta introduzindo um código de segurança.
Joan Cocheret admite que esse sistema o deixa “paranóico”. “Como posso ter a certeza de que posso confiar nele [no copiloto]? Quem sabe aconteceu qualquer coisa terrível na sua vida e ele não o consegue ultrapassar”, escreveu.
Na sequência do acidente dos Alpes, o piloto holandês comentou no Facebook: “Infelizmente, este cenário terrível tornou-se realidade”.