Janeiro de 2009. Para quem acabava de tomar posse como o homem mais poderoso do planeta, aceitar o prémio Nobel da Paz era a pior coisa que lhe podia acontecer. Barack “Yes we can” Obama vai terminar os seus dois turnos de “Homem mais poderoso do mundo” encostado às cordas. Afinal “No he can’t”.
Quando escolheu mudar o universo dos seus eleitores, da América para o mundo, Obama cometia uma espécie de pecado original que, ao mesmo tempo que lhe dava a vitória, lhe roubava o tão desejado lugar na história.
Afinal a real politik não existe na internet. Ela está e vai continuar a estar onde sempre esteve: no Senado, no Congresso, em Langley e em Maryland. O twitter e o facebook mostraram-se apenas símbolos de uma encenação mediática que não resiste ao hard power dos antigos poderes. O palco escolhido estava errado. Ser abençoado pelo mundo apenas lhe tirou poder em casa.
Todas as reformas que prometeu e ficaram na gaveta, por exemplo a saúde para todos ou o controle das armas, são a demonstração de que o poder continua igual e nada sua essência nada mudou com a globalização. As encenações pouco contam e, independentemente da sua amplitude, não passam de pão e circo.
Fazer as pazes com Castro é o ultimo erro de uma história que se repete. Se a ideia é o apaziguamento à moda de Chamberlain, essa nunca funcionou. Se é apenas turismo e charutos, é uma vitória de Pirro. Seis décadas depois de Kennedy, o primeiro presidente negro dos EUA, não consegue resistir à mesma fraqueza do seu antepassado político que quis eliminar a segregação racial: a vaidade.
É o fim de um ciclo.