“Imagem de casamento feliz promove energia positiva”, proclama hoje um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) a propósito do videoclip, uma montagem de três minutos de fotografias e desenhos “ternurentos” do primeiro casal do país, acompanhada por uma melodia pop intitulada “Xi Dada Ama Peng Mama”.
“A canção reflete o que sinceramente sinto e não é um golpe publicitário. A química entre Xi e Peng demonstra o amor familiar do líder, o que na minha opinião, constitui a base do patriotismo”, disse o autor da letra da canção, Song Zhigang.
Até Xi Jinping assumir a liderança do PCC, há dois anos, a vida privada dos lideres chineses costumava ser um segredo de Estado e a expressão “Primeira Dama” (“Diyi Furen”, em chinês) estava reservada às mulheres dos presidentes estrangeiros.
Já no passado dia 20, quando Peng Liyuan fez 52 anos, a imprensa assinalou o aniversário da 1.ª “Diyi Furen” do país, outro gesto sem precedentes na austera tradição comunista.
“A bela relação entre Xi e Peng pode também ajudar a construir uma mais positiva imagem global da China”, afirma o Global Times.
Xi Jinping, 61 anos, é considerado o mais forte líder chinês das últimas décadas, com uma proeminência pública e um poder só comparáveis a Deng Xiaoping, o “arquiteto-chefe” das reformas lançadas em 1979 e que transformaram a China na segunda economia mundial.
Além de secretário-geral do PCC e de Presidente da República, Xi chefia a Comissão Militar Central e vários “grupos dirigentes” do partido, nomeadamente o que supervisiona o programa de “aprofundamento geral das reformas”.
Num ensaio publicado este mês na revista Foreign Affairs, a sinóloga norte-americana Elizabeth Economy define Xi como “Presidente Imperial”.
Filho de um antigo vice-primeiro-ministro, o general Xi Zhongxun, Xi é um “príncipe vermelho”, mas a imprensa oficial insiste em apresentá-lo como “um homem do povo”.
A mulher, Peng Liyuan, é uma cantora muito popular e antes de Xi entrar para o Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder, em 2008, era mais conhecida do que o marido.
As mulheres dos antigos presidentes Hu Jintao e Jiang Zemin, antecessores de Xi, eram personalidades muito apagadas, cujos nomes a maioria do público nem sequer fixou.