Os dirigentes estudantis que lideram as manifestações pró-democracia, que ocupam áreas do centro de Hong kong desde o fim de semana, exigiram a renúncia de Leung Chun-ying até à meia-noite de hoje (17:00 horas em Lisboa), ameaçando intensificar as ações de protesto e invadir edifícios governamentais caso isso não acontecesse.
Hoje, em conferência de imprensa realizada antes do fim do ultimato, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, recusou-se a renunciar ao cargo e afirmou que vai “nomear a secretária-chefe [Carrie Lam, o ‘número dois’ na hierarquia do Executivo regional] para se reunir com os líderes dos estudantes.
CY Leung não especificou, porém, a data, local ou condições da realização da reunião, o que criou momentos de tensão, sobretudo num dos acessos viários ao edifício do gabinete do chefe do executivo que continua aberto ao trânsito.
Entre a meia noite e as 01:30 (17:00 e as 18:30) grupos de estudantes fizeram várias intervenções para bloquear e ocupar a estrada, mas foram prontamente dissuadidos por outros pares, que instaram os mais exaltados a manterem a calma.
Enquanto isso, agentes faziam a guarda do edifício, indiferentes ao trânsito, que era orientado pelos estudantes, até que foi formado um cordão humano para impedir novos bloqueios à circulação automóvel.
Durante o dia de hoje, a polícia reforçou as provisões de gás lacrimogéneo e de balas de borracha, o que fez aumentar os temores de uma conclusão violenta para a mais grave crise política nesta antiga colónia britânica desde que regressou à soberania chinesa em julho de 1997.
Os manifestantes, que reclamam o sufrágio universal e a democracia plena, ocupam há cinco dias as zonas entre Admiralty e Central, bloqueando estradas e cruzamentos.
Dirigentes do governo têm pedido a desmobilização do movimento promovido pelos jovens (Federação dos Estudantes e movimento Scholarism) e dirigentes do movimento `Occupy Central`.
“Durante todo este tempo, o governo e a polícia fizeram prova da maior tolerância ao deixarem (os manifestantes) reunirem-se para expressar as suas reivindicações e preocupações”, disse CY Leung.
“Em qualquer parte do mundo, se os manifestantes ocupassem os edifícios governamentais, o problema e o resultado seriam bem mais dramáticos”, acrescentou.
No domingo, agentes antimotim recorreram ao gás lacrimogéneo e gás pimenta numa ação para dispersar os estudantes, e as imagens dos jovens em fuga chocaram a opinião pública de Hong Kong e da comunidade internacional.
O governo e a polícia têm advertido os manifestantes contra qualquer escalada das ações.
Esta noite, pouco antes da meia-noite, os vice-reitores da Universidade Chinesa e da Universidade de Hong Kong, Joseph Sung e Peter Mathieson, acolheram bem a proposta do governo para um diálogo com os manifestantes estudantis, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.
Os dois manifestantes visitaram os estudantes na entrada bloqueada no exterior do Gabinete do chefe do executivo e apelaram à calma. Após o anúncio da reunião entre o governo e os alunos, Mathieson disse que não há evidências de um progresso real em ambas as partes.
O boicote às aulas iniciado pelos estudantes a 22 de setembro tinha a duração prevista de uma semana, mas quase 15 dias mais tarde parece instalado um impasse.
A China frustrou, no mês passado, as esperanças de que um democracia plena na antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Executivo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio.