Mais de 20 por cento das crianças em Nova Iorque vivem em lares onde não existem alimentos suficientes, um aumento de 10% face aos últimos quatro anos, revela-se num estudo publicado terça-feira.
A “Coligação contra a fome”, que realizou o inquérito, explica que o aumento do número de crianças com insuficiência alimentar está relacionado com o devastador furacão Sandy em finais de 2012, que deixou muitas pessoas sem-abrigo, os cortes orçamentais nos programas sociais e uma economia norte-americana ainda débil.
No total, um em cada seis nova-iorquinos, entre 1,3 e 1,4 milhões de pessoas, habita numa casa onde não existia o suficiente para comer entre 2010 e 2012, incluindo cerca de 500.000 crianças, mais 10% em comparação com o período 2006-2008, refere a Coligação.
De acordo com o seu diretor, Joel Berg, o prosseguimento dos cortes orçamentais deixa prever que o pior ainda está para vir.
“Enquanto os ricos garantem uma alimentação melhor que nunca, entre os nossos vizinhos um em cada seis luta contra a fome”, sublinhou.
“Os recentes cortes orçamentais federais nos cupões de alimentação também vão agravar a situação”, acrescentou.
Segundo o relatório, a procura de sopas populares e a distribuição de alimentos aumentaram 10% em 2013, apesar de 57% terem sofrido cortes nos contributos estatais e privados, acrescenta o relatório.
Metade destas instituições referiram já não possuir recursos suficientes para enfrentar o aumento dos pedidos de ajuda, e foram forçadas a rejeitar pessoas, reduzir as ajudas e os horários de funcionamento.
No relatório critica-se ainda a crescente disparidade entre os milionários e a restante população.
“O rendimento da classe média, ajustado à inflação, é mais baixo que há dez anos. A pobreza, a fome e o número de sem abrigo aumentaram em flecha”, sublinha a organização, recordando que cerca de metade da população vive abaixo do nível de pobreza, ou pouco acima desse nível.
Para os 1,8 milhões de nova-iorquinos que dependiam da ajuda federal para se alimentarem, os cortes significam que uma família com três pessoas perdeu 29 dólares por mês (21,4 euros), o equivalente a 20 refeições.