Os administradores das 4.500 unidades de fabrico de vestuário do país deram aos seus funcionários dois dias de folga no fim de semana, na esperança de que os protestos e a raiva dos trabalhadores relativamente ao desastre de quarta-feira passada pudessem diminuir.
No entanto, a polícia e sindicatos deram conta de uma marcha na zona industrial de Ashulia, nos arredores da capital, Daca, pouco depois da reabertura, hoje de manhã, das fábricas, com os trabalhadores a iniciarem um protesto naquela área.
Badrul Alam, chefe da polícia local, estimou os manifestantes em mais de 15 mil, com a televisão Private Independent a informar que várias viaturas foram incendiadas, incluindo uma ambulância.
Na tentativa de dispersar os manifestantes, a polícia voltou a disparar balas de borracha e lançou gás lacrimogéneo.
“Eles bloquearam as estradas e gritaram ‘enforquem Rana'”, disse Badrul Alam à agência AFP, referindo-se a Sohel Rana, o proprietário do complexo que desabou, detido este domingo.
Os sobreviventes contaram que, na terça-feira, eram visíveis rachas no edifício, mas os patrões ordenaram aos funcionários que regressassem às linhas de produção.
Cinco fábricas operavam no prédio de oito andares em Savar, nos arredores de Daca.
O Bangladesh é o segundo maior produtor de roupa e a indústria têxtil é a base da economia do país. No entanto, tem índices de segurança chocantes e já em novembro 111 pessoas morreram num incêndio numa fábrica.
A britânica Primark e a espanhola Mango já admitiram vender roupa produzida nas fábricas instaladas no edifício que ruiu, enquanto outras marcas internacionais, como a Walmart, continuam a investigar.
O acidente levou a novas acusações por parte de ativistas de que as multinacionais ocidentais colocam os lucros à frente da segurança ao produzirem os seus produtos em países onde os trabalhadores ganham menos de 40 dólares por mês.