“Nunca esperei que isto acontecesse enquanto eu fosse vivo, e vou pedir à minha família que ponha champanhe no frigorífico”, disse o cientista, de 83 anos, numa declaração à imprensa.
Higgs vive em Edimburgo, a capital da Escócia, mas esteve hoje presente em Genebra, quando a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla francesa) anunciou a descoberta de uma partícula subatómica “concistente” com o bosão que tem o nome do cientista.
“É uma coisa incrível, que isto aconteça enquanto eu sou vivo”, disse Higgs, que recebeu uma ovação de pé quando chegou ao auditório do CERN.
Higgs sentou-se, no auditório, ao lado do físico belga Francois Englert, de 79 anos, que contribui também de forma separada para a teoria.
“Só quero dizer que os meus pensamentos vão para Robert Brout”, disse Englert, em lágrimas, que louvou o terceiro cientista pioneiro, que morreu em 2011, sem ver provada a teoria.
Depois de quase meio século de investigação, e dezenas de milhar de milhões de euros investidos, os cientistas acreditam ter descoberto agora o bosão, considerado um passo essencial na explicação do nascimento do universo e de toda a natureza.
A Alemanha, o país que mais investiu no processo de descoberta da partícula, já saudou a descoberta, que Berlim considerou como histórica.
“A busca pelo bosão de Higgs durou quase 50 anos, mais é possível que tenha sido atingido. A persistência e a curiosidade dos investigadores foram recompensadas. Felicito as equipas por esta descoberta sensacional”, disse em comunicado Annette Schavan, ministra alemã na investigação científica.
A descoberta da partícula permitiu também aos cientistas respirarem de alívio, uma vez que confirma a teoria que identifica os blocos constitutivos da matéria.
“O bosão de Higgs tinha sido antecipado há mais de quatro décadas e, se não existisse, os teóricos de todo o mundo teriam de voltar ao início, em desespero”, disse Anthony Thomas, da universidade australiana de Adelaide, citado pela agência noticiosa France Presse.
O bosão de Higgs combina duas forças da natureza e mostra que são, de facto, aspectos diferentes de uma mesma força maior, sendo que esta partícula é a responsável pela existência de massa nas partículas elementares.