Faça-se, primeiro, um ponto da situação: A companhia aérea American Airlines (AA), uma das maiores em todo o mundo, passa por um mau período da sua história após ter iniciado o processo de falência, em novembro do ano passado. No início deste mês foram anunciados os planos para a restruturação da empresa e redução da despesa: despedir 13 mil trabalhadores (cerca de 16% dos seus funcionários) e reduzir os benefícios de reformas, medidas que, se espera, ir resultar na poupança de 1,25 mil milhões de dólares (cerca de 930 milhões de euros).
Em dezembro de 2011, aquela que já foi a maior companhia aérea americana registou prejuízos acima dos 900 milhões de dólares (670 milhões de euros).
No entanto, apesar dos prejuízos que levaram à situação difícil da empresa, durante o ano passado foram pagos bónus de vários milhões de euros aos seus administradores. E, no mesmo mês em que foram anunciados os prejuízos, soube-se que em nome da AA está uma habitação em Londres, usada ocasionalmente como residência pelos executivos de topo, cujo valor poderá rondar os 30 milhões.
É toda esta situação que Gailen David, um assistente de bordo há 24 anos da AA, critica através de vídeos do YouTube que têm ganho o apoio de outros colegas. Vestido de mulher e encarnando uma vice-presidente da companhia, discute a redução de custos e parodia um comunicado de uma das autênticas vice-presidentes da empresa.
O ainda assistente de bordo, atualmente em licença sem vencimento, lançou também um trailer sobre esta história, encarnando a ficcional Ministra dos Assuntos de Voo da American Airlinas em “A Dama de Alumínio”, inspirado no sucesso do filme “A Dama de Ferro” com Meryl Streep, mais uma vez criticando as políticas da sua empresa através de uma personagem que carrega consigo as características negativas associados ao poder.
Fim para o assistende de bordo ou para a administração?
A American Airlines não parece ter gostado das brincadeiras virtuais e ameaça retaliar: “Esperamos que os nossos funcionários se tratem com respeito. Apesar de reconhecermos o direito dos nossos funcionários se expressarem os seus pontos de vista, temos uma política restrita no que diz respeito a atacar ou assediar outros funcionários” lê-se numa nota da AA a uma estação televisiva.
Tendo sido notícia com os seus vídeos, este assistente de bordo foi notificado para uma reunião disciplinar, à qual não compareceu.
Gailen David não se mostra preocupado em relação ao possível despedimento já que olha para isso como uma situação inevitável: se não for por isto será pelos cortes previstos no orçamento. À mesma estação revela não apagar os vídeos que fez já que “deu a gargalhada que todos nós precisávamos na American… Não vou retirá-los porque há muita gente que os gosta de ver”.
Mas pode nem ser despedido. Um porta-voz da companhia aérea revelou que não faziam intenções de despedir David, apenas discutir o assunto esperando que ele regresse ao trabalho no final da sua ausência.
Esta demanda contra a administração da American Airlines conheceu nova etapa há 10 dias, quando Gailen David criou uma petição para a mudança dos membros da administração na restruturação da empresa. O norte-americano espera atingir as 250 mil assinaturas para entregar a petição ao juiz responsável pelo julgamento do processo de falência da companhia aérea.
A saída poderá afinal não ser a do assistente de bordo mas de toda a administração.
A petição, que conta até ao momento com quase 4500 assinaturas, deverá ter não só o apoio dos seus colegas e funcionários de outras companhias aéreas mas também dos fãs de Alec Baldwin, visto o ator ter sido recentemente expulso de um avião da American Airlines.