Resistimos Juntos, um projeto sobre empresas que se reinventam em tempos de Covid-19
Prego na Peixaria, Soão, Sea Me e Meat Me. As quatro marcas e os oito espaços comerciais do Grupo Sea Me fechavam portas a 15 de março, ainda antes do estado de emergência ter sido oficialmente declarado pelo Presidente da República. Mas a resposta não se fez esperar. “Precisávamos de desenhar uma estratégia o mais rapidamente possível. Apostar tudo nas entregas ao domicílio pareceu-nos a solução mais viável”, explica António Querido, um dos sócios do grupo, responsável pelo departamento de marketing.
Oito dias após o fecho dos espaços comerciais, além de manter as entregas do Prego da Peixaria, o Grupo Sea Me lançou, em tempo recorde, Olívia, uma marca de hambúrgueres de carne nacional exclusivamente pensada para ser entregue em casa dos clientes. Na semana seguinte, chegou a vez de Dionísio, a garrafeira online que disponibiliza dezenas de vinhos nacionais, muitos deles exclusivos dos restaurantes e impossíveis de encontrar no supermercado ou noutras garrafeiras. Pouco depois foi a vez do Soão começar a entregar em casa pratos inspirados na street food asiática e logo a seguir o Sea Me voltou à vida com o nome de Sea Me at Home.
Lombos de salmão, caldeirada de peixe e postas de garoupa chegarão crus à casa dos clientes, acompanhados da receita, da autoria do chefe Vasco Lello. “Obviamente que não nos resolve o problema das receitas. Temos uma redução diária de dez vezes face ao que fazíamos antes da pandemia. No entanto, permite-nos mitigar e não ficar parados sem conseguir dar a volta”, explica António.
Cozinhar, empratar e servir em tempo da Covid-19 significa uma alteração significativa de rotinas. “Dos nossos oito espaços, apenas quatro cozinhas estão a ser utilizadas. Aí, duas equipas que nunca se cruzam, equipadas com luvas, máscaras e viseira, preparam os pratos.” No entanto, a reorganização do trabalho, da brigada de cozinha e da equipa de sala, obrigou o grupo a deixar 200 funcionários em layoff. “Teríamos de vender seis a sete vezes mais para atingirmos valores que evitassem esta situação”, revela Rui Gaspar, outro dos sócios do grupo. “Preocupa-me o tempo que demorará até que consigamos atingir o break-even. O Governo não está a dar nada às empresas, limita-se a autorizar empurrar para a frente os encargos presentes”, afirma.
Ainda assim, a recetividade às novas marcas tem sido muito boa e há uma evolução positiva nas vendas. “Não é fácil, mas o que nos move é a paixão. E isso, às vezes, é o suficiente para ultrapassar certos obstáculos”, afirma António.
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