Com o impulso pós-pandémico finalmente a perder gás, a economia portuguesa deve travar a fundo em 2024. Uma recessão não está nas cartas, mas o crescimento pode ficar perto de 1%. Se saltarmos por cima da recessão Covid, será o valor mais baixo desde 2014, ano em que a Troika “saiu” de Portugal. Este arrefecimento terá consequências para o mercado de trabalho, com uma previsível subida do desemprego. Ao mesmo tempo, o poder de compra dos portugueses deve sair reforçado pela subida dos salários, pensões e apoios sociais, enquanto a inflação prossegue o seu caminho de descida e os cortes de juros começam a chegar. Adivinha-se um ano de contradições na frente económica, com um novo governo que poderá marcar um fosso em relação às políticas públicas que têm sido seguidas nos últimos oito anos.
A perda de brilho da economia portuguesa era esperada. Aliás, as instituições internacionais e o Governo já a tinham previsto para 2023, mas a atividade revelou-se mais resistente do se tinha antecipado. Os efeitos da explosão de turismo pós-pandemia começam a esfumar-se, a guerra na Ucrânia continua a penalizar a Europa e, talvez mais relevante, a mais agressiva subida de juros de sempre pelo BCE representou um balde de gelo sobre a região.