“A obra está em risco de não conseguir oferecer as mais de 450 refeições que serve todos os dias”, lê-se no comunicado enviado à Lusa pela organização do projeto.
Criado em 2009 pelo padre Rubens Marques, a obra “acolhe e socorre, em situações de emergência alimentar, a população carenciada da cidade do Porto”, um hábito que pelo aumento das dificuldades “corre perigo de não continuar”.
No comunicado, a obra diz-se surpreendida pela evolução da situação após a pandemia, período “que fez disparar a frequência diária para números nunca antes imaginados de 650 refeições distribuídas por dia”.
Previa-se, contudo, que estes seriam agora “tempos mais favoráveis, com mais emprego e habitação para os residentes na área urbana”.
“No entanto, esse sonho não se confirmou e todos os dias se recebem novos pedidos de ajuda, juntando aos utentes mais habituais, gente recém-chegada à cidade e que se acha em condições de vida alarmantes”, acrescenta-se no comunicado.
Explicando que a Porta Solidária “vive das ofertas generosas dos que partilham o seu pão, sobretudo na época de Natal”, com a chegada de maio, a obra indica que a despensa está já “em grave défice, escasseando os produtos básicos para a confeção diária das refeições”.
O serviço, sublinha, apoia uma população multirracial e multilingue com muitas dificuldades na cidade.
“Temos lojas de marcas de luxo, mas muitos não tem como comprar o mais básico para vestir, temos excelentes propostas gastronómicas, mas muitos, ao final do dia, recorrem à solidariedade para comer a sua primeira refeição, temos boas ofertas culturais, mas muitos têm que pensar no básico para sobreviver e não podem sequer pagar o acesso aos cuidados de saúde”, assinala.
Nestas circunstâncias, a Porta Solidária distribui não só refeições, mas, juntamente com o serviço de atendimento social da Paróquia Senhora da Conceição, estabelece contactos e redes para ajudar a encontrar alojamento, trabalho, acesso a cuidados de saúde e dignidade de vida.
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