Há pouco mais de um ano, o mercado das criptomoedas atingia um valor recorde de quase três biliões de dólares. As subidas vertiginosas da bitcoin e de outras criptodivisas atraíram pequenos e grandes investidores, muitos devido ao receio de ficarem de fora dos potenciais ganhos destes ativos. Mesmo alguns bancos e gestoras de ativos mais tradicionais, consultoras e auditoras – que se haviam mostrado céticos sobre estes novos instrumentos – começaram a criar unidades de negócio dedicadas aos mercados de cripto. Este universo aparentava estar a ganhar credibilidade e a tornar-se mais convencional. Isto apesar dos sucessivos alertas de reguladores e de alguns economistas sobre os altos riscos envolvidos nos critpoativos. Os últimos meses, marcados por algumas grandes falências e fraudes, mostraram como essas ameaças deveriam ter sido levadas a sério.
Desde os máximos atingidos em novembro do ano passado, evaporaram-se cerca de dois biliões (milhões de milhões) de dólares do mercado de criptomoedas, segundo dados da CoinMarketCap. Depois das enormes valorizações alcançadas durante a pandemia – ajudadas pela grande apetência por risco dos investidores alimentada pela liquidez ilimitada dos bancos centrais –, desde o final do ano passado o mercado começou a desmoronar-se. Foi o início de um inverno no mercado cripto que se tem mostrado longo, frio e rigoroso. Não foi necessário muito tempo para que começassem a surgir grandes falhas. Em maio, a TerraUSD – que era uma das principais stablecoins, tendo como objetivo acompanhar o valor do dólar americano – colapsou. Em julho, a Celsius, uma empresa que recebia depósitos e concedia crédito em criptomoedas, ficou insolvente.