A receita de IVA vai aumentar, o aumento de funcionários públicos foi definido há meses, os escalões de IRS não serão ajustados e contratos feitos com o Estado foram assinados numa altura de preços mais baixos. São várias as avenidas que permitirão à inflação impulsionar a descida do défice orçamental este ano. No entanto, este efeito tem um prazo de validade apertado. No próximo Orçamento, aquilo que era uma pedra a rolar por uma colina abaixo poderá transformar-se numa bola de chumbo que trave os esforços de consolidação e coloque grande pressão sobre as contas públicas.
As estimativas de inflação apontam para um salto de 4% este ano. A confirmar-se, será o valor mais elevado desde 2001. Depois de cerca de uma década de inflação muito baixa, podemos ter-nos desabituado a antecipar os seus efeitos. Um aumento significativo dos preços significará perdas de poder de compra para milhares de famílias e muitas dificuldades para empresas mais expostas ou dependentes de matérias-primas que estejam a disparar.