A denúncia chegou, anónima, em meados do ano passado, à redação do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, um dos principais diários daquele país, que já tinha divulgado os ficheiros dos Panama Papers. Durante os meses seguintes, um consórcio de investigação, coordenado pela organização sem fins lucrativos Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), mobilizou mais de 160 jornalistas de 47 meios de comunicação social, em 39 países – The New York Times (EUA), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França) ou Expresso (Portugal), entre outros –, para analisar centenas de milhares de documentos, e concluir que, pelo menos, entre 1940 e 2010, o Credit Suisse manteve contas bancárias secretas que guardaram dinheiro de clientes condenados ou suspeitos dos mais variados crimes.
Os dados agora divulgados expõem 18 mil contas bancárias duvidosas, pertencentes a 30 mil clientes (indivíduos e empresas), por onde circularam mais de 100 mil milhões de dólares. Segundo a investigação – denominada Suisse Secrets (“Segredos Suíços”, na tradução portuguesa) –, o banco terá ignorado os alertas dos próprios funcionários, que indiciavam “atividades suspeitas” ligadas às contas, detidas por ditadores, políticos corruptos, traficantes de droga e outros criminosos milionários.