“Em causa está a situação dos trabalhadores desses dois bancos, que há um ano foram submetidos a ameaças e pressões para aceitar a rescisão de seus contratos de trabalho e que agora culminam em processos de despedimento coletiva”, explica a UGT na carta enviada.
A UGT apela assim ao apoio das organizações sindicais internacionais, onde a UGT e seus sindicatos estão filiados, a fim de ter uma explicação da presidente do Banco Santander em Madrid, Ana Botin, e expressar as preocupações da UGT à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE) contra o procedimento “indigno” do Santander Totta e do BCP.
Este despedimento, segundo a UGT, “mina os princípios básicos do direito ao trabalho e o respeito aos trabalhadores, deixando centenas de trabalhadores desempregados, num período social muito específico após a crise pandémica, que ainda não terminou”, lembra.
Os sindicatos do setor bancário disseram na terça-feira, em comunicado, que marcarão uma greve conjunta ainda em setembro se BCP e Santander Totta mantiveram a intenção de fazer despedimentos.
Os sindicatos representativos dos bancários estiveram reunidos e, segundo o comunicado divulgado, dediciram pedir com “caráter de urgência” reunião com as administrações do BCP e do Santander Totta para “exigir o fim imediato de qualquer intenção de despedimento coletivo ou de figuras análogas”.
Se os bancos não recuarem nos despedimentos, afirmam os sindicatos que “irão declarar uma greve conjunta, a realizar ainda no corrente mês de setembro”.
O pedido de reunião é feito pelos sindicatos Mais Sindicato, SBN – Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro, Sindicato dos Bancários do Centro (os três afetos à UGT), SINTAF (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca (os dois independentes) e apoiado pelo Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos.
Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores este ano (depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020), sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’, incluindo com intenção de despedimentos coletivos.
O BCP anunciou, há duas semanas, que vai avançar para o despedimento de até 100 trabalhadores, depois de ter chegado a acordo com cerca de 800 funcionários para saídas por acordo (reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo).
Já o Santander disse numa nota interna, em 20 de agosto, que não chegou a acordo para a saída de 350 trabalhadores, de um total de 685 inicialmente previstos, e vai agora avançar com um “processo unilateral e formal” a partir de setembro.
Os sindicatos têm acusado os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os estão a forçar a aceitar sair por rescisão ou por reforma antecipada. Isto ao mesmo tempo que os bancos têm elevados lucros, acrescentam.
Os sindicatos também se têm reunido com o poder político, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, grupos parlamentares e governantes, para pedir a sua intervenção contra os despedimentos. Para já, contudo, se houve alguma intervenção junto dos bancos não foi pública.
ICO (IM) // JNM