António Costa e o Governo português não ficaram sozinhos na resposta dura dirigida a Jeroen Dijsselbloem. O ex-primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, já se juntou ao coro de vozes críticas do Sul da Europa e pediu a demissão do presidente do Eurogrupo. Em causa, está o comentário deste a um jornal alemão sobre os países em crise que gastam todo o seu dinheiro “em copos e mulheres” e, depois, veem-se obrigados “a pedir ajuda” aos parceiros europeus.
“Quanto mais cedo se demitir, melhor”, escreveu Renzi na sua página de Facebook, considerando as afirmações de Dijsselbloem sobre os países em crise como “piadas estúpidas”.
“Pessoas como Dijsselbloem, que pertencem ao Partido Socialista Europeu, mesmo que nem sempre se recordem disso, não merecem ocupar o cargo que ele atualmente ocupa”, considerou o ex-chefe do Governo italiano de centro esquerda. Na sua página pessoal, acrescentou ainda que a resignação do presidente do Eurogrupo é vital para assegurar “a credibilidade das instituições europeias”.
Do Partido Socialista Europeu (ao qual o Partido Trabalhista holandês de Dijsselbloem pertence), as críticas partiram do presidente Sergei Stanishev. Em comunicado, aquele dirigente garante que os comentários do presidente do Eurogupo “não refletem, de forma alguma, a nossa família política”. “Ele conseguiu insultar e desacreditar tantas pessoas e semear tanta discórdia”, que as suas declarações “são simplesmente inaceitáveis, especialmente neste momento crítico para o projeto de integração europeia”, acrescenta.
Em Bruxelas, a comissária da Concorrência, Margrethe Vestager, declarou aos repórteres que a interrogaram sobre a polémica declaração do ainda ministro das Finanças holandês: “Eu não o teria dito, e creio que foi um erro”.
Na terça feira, 21, assim que o conteúdo da entrevista de Dijsselbloem foi conhecido, as primeiras críticas partiram dos eurodeputados europeus, sobretudo dos espanhóis, que pediram de imediato a demissão do presidente do Eurogrupo. Ao coro de protestos, juntou-se de seguida Gianni Pittella, líder do grupo social-democrata do Parlamento Europeu, e Manfred Weber, líder do grupo popular europeu, para além dos representantes da Esquerda Unida Europeia que exprimiram o seu protesto através de um comunicado.
“A zona euro é responsabilidade, solidariedade, mas também respeito. Não há espaço para estereótipos, Jeroen Dijsselbloem”, escreveu Weber no Twitter. Já Pittella, foi bastante mais duro: “Com estas vergonhosas e chocantes palavras, Dijsselbloem foi longe de mais ao usar argumentos discriminatórios contra os países do Sul da Europa. Não há desculpa para usar esta linguagem, especialmente por parte de alguém que se supõe ser progressista. Pergunto-me se uma pessoa que pensa assim é a mais adequada para ser presidente do Eurogrupo”.
O apoio de Schäuble
Perante a chuva de protestos, o apoio a Dijsselbloem veio do ministro das Finanças da Alemanha que, através de um porta-voz, fez saber que “valoriza muito” o trabalho do ministro holandês na condução dos destinos da zona euro.
“Schäuble valoriza muito o trabalho de Dijsselbloem enquanto presidente do Eurogrupo”, afirmou um porta-voz do Ministério das Finanças do governo alemão, citado pela Reuters. “Esperamos, enquanto este governo estiver em funções, que o presidente do Eurogrupo se mantenha em funções plenas”, acrescentou.