A empresa estava a testar um dos seus sistemas piloto de controlo fronteiriço através de biometria no aeroporto de Faro, quando ali aterrou um influente político britânico. Em princípio, viera só para jogar golf no Algarve, mas passou pelo portal eletrónico (e-Gate) e recusou-se a regressar ao seu país sem primeiro falar com os dirigentes da empresa responsável pelo desenvolvimento daquela tecnologia.
Ora, a empresa tem o seu quartel-general em Carnaxide, nos arrabaldes de Lisboa, e chama-se Vision Box. Aquela história contada pelo seu CEO, Miguel Leitmann, à Bloomberg foi só o impulso para um voo em altura. Portais e quiósques eletrónicos idênticos aos que estavam a ser testados em Faro são agora usados nos aeroportos JFK, em Nova Iorque, e Heathrow, Londres, além de outros 70 internacionais.
Tudo começou quando Leitmann e Bento Correia (chairman) investigavam sistemas de vídeo-vigilância num laboratório do Estado português e perceberam as potencialidades comerciais da tecnologia que estavam a desenvolver. Em 2001, fundaram a Vision-Box, que acabou por se envolver nos primeiros passaportes biométricos em Portugal. Mais tarde desenvolveram os quiosques eletrónicos e os sistemas de portais que usam reconhecimento biométrico facial que ajudam os viajantes a passarem rapidamente através dos serviços de imigração e alfândega.
De forma simplificada, o sistema, que agiliza o fluxo de passageiros, funciona assim: em vez de um controlo de passaportes tradicional, responsável por longas filas, o passageiro dirige-se a um dos portais eletrónicos e só passa se o seu passaporte for autêntico e se ele for realmente o titular do documento, o controlo passa a ser feito do controlo biométrico facial.
A Vision-Box foi, segundo a própria start up lisboeta, a primeira empresa a desenvolver um sistema de portais eletrónicos baseados no reconhecimento facial por biometria. Atualmente, reclama ter instalado em todo o mundo 1.200 sistemas de controlo de fronteiras e e gestão de fluxo de passageiros nas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas de 150 países, autenticando anualmente 100 milhões de passageiros.
Detentora de vários prémios nacionais e internacionais, a empresa contava em 2015 com cerca de 200 empregados, tendo registado uma faturação de cerca € 28 milhões.