Quem é Marcelo Odebrecht
Tem 46 anos e é engenheiro civil de formação. Em 2008, sucedeu ao pai, Emílio, na presidência da Odebrecht, um portentoso conglomerado de empresas na área da construção civil, presente em 28 países. É a terceira geração de uma dinastia empresarial de sucesso no Brasil
Nascido para vencer
Desde cedo que Marcelo foi preparado para suceder ao pai – que já sucedera ao avô – na maior empresa de construção da América Latina. A Odebrecht, fundada em 1944, tem 130 mil funcionários espalhados por quase 30 países. Em 2014, a holding que engloba negócios nas áreas do imobiliário, construção pesada (em Portugal, construiu, por exemplo, a Ponte Vasco da Gama), engenharia ambiental, saneamento, gás ou exploração de petróleo faturou cerca de €25 mil milhões. A empresa foi apanhada na teia de corrupção da operação Lava-Jato, a maior investigação brasileira sobre subornos a políticos.
“É para resolver esta bazófia”
Habituado aos corredores do poder – as relações com o Palácio do Planalto sempre correrem de feição – Marcelo Odebrecht ficou em “choque” quando foi detido, em junho de 2015, na sua casa em São Paulo, por quatro agentes da polícia. Nesse momento, quando soube que Sérgio Moro (o juiz de primeira instância responsável pelas investigação da operação Lava-Jato) tinha decretado a sua prisão preventiva, fez um telefonema para alguém com boas relações e disse: “É para resolver essa bazófia ou não haverá República na segunda-feira”. O seu pai, Emílio Odebrecht, já avisara: “Se prenderem o Marcelo, terão de arrumar mais três celas: uma para mim, outra para o Lula e outra ainda para a Dilma.”
Condenado a 19 anos
Apesar da superequipa de 22 advogados, Marcelo, também chamado de “príncipe dos empreiteiros” foi, no início de março, condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na sentença, Sérgio Moro descreve, ao longo de 234 páginas, as contas secretas para pagar subornos e ocultar o dinheiro da contabilidade oficial da empresa.
“A delação do fim do mundo”
É assim que Clóvis Rossi, cronista do jornal Folha de São Paulo, apelida a cooperação entre a Odebrecht e os investigadores da Lava-Jato. O “acordo de delação premiada” estatuto parecido com o de arrependido, em troca de redução da pena foi feito na passada semana, depois de novas buscas e detenções terem permitido aos procuradores “confirmar” a existência de um “setor de operações estruturadas” dentro da própria empresa, dedicado ao pagamento de subornos. Uma das apreensões, na casa de um executivo, foi uma lista com mais de 200 nomes que, alegadamente, receberiam dinheiro da construtora. Desta lista fazem parte ministros, senadores, governadores, líderes da oposição, presidentes de câmara e deputados de cerca de 20 partidos. Lula e Dilma não constam.
Impeachment mais perto?
Enquanto isso, o processo de impeachment contra a Presidente Dilma Rousseff parece ser um cenário cada vez mais real. Esta semana, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), do vice-presidente Michel Temer, abandonou o Governo e passou para a oposição, deixando o PT com pouca margem de manobra, na Câmara dos Deputados, para travar a destituição. No entanto, Temer continua no governo. É que, se o impeachment for aprovado, o que poderá acontecer entre abril e maio, ele poderá assumir o cargo de presidente do Brasil.