A Grécia enfrentaria uma dúvida insustentável dentro de 15 anos mesmo que concordasse agora com a totalidade das medidas exigidas pelos credores. A convição é expressa num relatório dos credores, a que o britânio The Guardian teve acesso e que foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, depois de terem sido enviados aos deputados germânicos, na expetativa de que o acordo teria de ser aprovado pelo parlamento do país (o que nunca chegou a acontecer devido à rejeição grega da proposta).
Os documentos dão assim razão à Grécia, quando o Governo de Tsipras argumenta que o país necessita de um alívio substancial da dívida para uma recuperação económica duradoura, ao mostrar que mesmo após 15 anos de crescimento sustentado, a Grécia enfrentaria uma dívida de 118% do PIB. “Insustentável”, como define o FMI. A dívida atual é 175% e com probabildiade de aumentar.
O relatório admite que com base nesse cenário, seriam necessárias “concessões significativas” para melhorar as hipóteses gregas de se livrar permanentemente dos seus problemas de financiamento da dívida.
Mesmo no melhor cenário, que incluiu um crescimento anual de 4% ao longo dos próximos cinco anos, a dívida grega cairia apenas para 124% em 2022. Este cenário mais otimista incluiu um encaixe de 15 mil milhões de euros fruto de privatizações, o que é cinco vezes superior à estimativa do cenário mais provável.
De qualquer forma, em nenhum dos cenários analisados pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI, que assumem um terceiro programa de resgate, a Grécia tem qualquer hipótese de atingir o objetivo de reduzir a dívida para menos de 110% do PIB em 2022, conforme estabelecido pelo Eurogrupo em novembro de 2012.
As projeções fazem parte do relatório Análise Preliminar da Sustentabilidade da Dívida para a Grécia, um dos seis documentos que integram a proposta final dos credores apresentada ao país na última sexta-feira.