Os pilotos admitem prolongar a atual greve para lá dos 10 dias. Segundo o Diário Econónico, numa sessão de esclarecimento que teve lugar segunda-feira à tarde, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil avança também a hipótese de paralisar novamente no final do mês ou durante a semana dos feridos de junho.
Para já, para o próximo domingo está marcada nova assembleia geral para discutir eventuais novas formas de luta, se se mantiver o braço de ferro com a TAP.
Ainda de acordo com o Diário Económico, o fundo de greve do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil para compensar a perda salarial dos pilotos permite suportar mais de 15 dias de greve.
Quota da TAP no aeroporto de Lisboa no mínimo de sempre
Segundo o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, nas duas últimas semanas de abril, com a decisão da greve, a quota da TAP no aeroporto de Lisboa caiu para o mínimo de sempre.
“Temos números muito fiáveis que nos mostram que a confiança dos clientes na TAP se está a ressentir”, afirmou o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, numa conferência no ministério da Economia, garantindo não se tratar de retórica.
“Nas duas últimas semanas de abril bastou que houvesse um anúncio da greve”, decidida pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), “para que a quota de mercado da TAP no aeroporto de Lisboa (o mais representativo) tenha caído para o mais baixo nível de sempre, desde que há registos de quota de mercado”, explicou o governante.
“Isto é muito expressivo. Esta greve não beneficia a TAP”, mas sim as companhias aéreas que operam no mercado português, sublinhou Sérgio Monteiro.
Os pilotos convocaram uma greve, para o período entre 01 e 10 de maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação de até 20% no capital da empresa no âmbito da privatização.
“A TAP está a ressentir-se de forma muito importante” na relação de confiança com os clientes, a qual “num ápice se perde”, disse hoje o governante.
Questionado sobre se a TAP pode ficar sem dinheiro antes do verão, Sérgio Monteiro disse que isso “depende da relação de confiança que os clientes” têm com a operadora aérea portuguesa, caso deixe de haver confiança, o governante admitiu que a empresa pode vir a “ter um problema a curto prazo”.
“É muito mais grave o problema da quota de mercado agora do que foi, por exemplo, aquando dos problemas operacionais” no verão passado, apontou o secretário de Estado, que acrescentou que as equipas comerciais da TAP estão a tentar inverter a situação.
3 dias, 10 milhões
Nos primeiros três dias de paralisação, o governante adiantou que o impacto financeiro, incluindo os custos indiretos, ascende os 10 milhões de euros.
Sérgio Monteiro deixou ainda um “apelo” à direção do SPAC, recordando que “faltam ainda muitos dias” e que o impacto negativo pode ser “evitado na empresa e na economia”.
“Está na mão da direção sindical, são menos de 10 pessoas”, disse, apontando que está todo um setor ligado à companhia aérea “nas mãos dessas pessoas”.
Por isso reiterou que “revejam a decisão”, garantindo que o prazo para entrega das propostas para a compra da TAP mantém-se.