Hoje têm lugar nos Estados Unidos as “mid-term elections”, eleições que acontecem a meio do mandato presidencial de 4 anos e onde se vão eleger a totalidade dos membros do Congresso americano e 37 dos 100 elementos do Senado. As últimas sondagens sugerem uma vitória republicana nestas eleições, sendo esperada uma alteração da relação de forças no Congresso, com os republicanos a conquistarem o controlo da “Casa dos Representantes”, e, na pior das hipóteses (para os republicanos), reduzir a vantagem dos democratas no Senado.
Com o défice federal americano nos 9% do PIB, as perspectivas de qualquer estímulo fiscal de grande escala parece inverosímil. Na opinião dos analistas, uma vitória republicana afasta por completo essa possibilidade nos próximos 2 anos, salvaguardada a circunstância de a economia americana cair numa segunda grave recessão.
Outro evento importante na agenda financeira da semana será a reunião da Reserva Federal Americana. O mercado espera (e eventualmente já terá “descontado” totalmente) um novo programa de compra de activos, designado de “Quantitative Easing”. Estas políticas monetárias têm como objectivo fundamental impulsionar a actividade económica através da injecção de liquidez na economia. O cenário mais provável é que o FED anuncie a compra de 500 biliões de dólares em activos do Tesouro ao longo dos próximos 6 meses e que condicione esse e outros programas de compras adicionais à evolução das taxas de inflação e desemprego.
Se assim for, este novo “round de impressão de dólares” não alcançará a propósito de impulsionar a recuperação económica para um novo patamar, tornando provável a necessidade de novos programas de “quantitative easing” no futuro.
Neste quadro de análise, a reunião do FED esta semana, cujas decisões serão conhecidas 4.ª feira ás 19,15 horas, poderá ser o catalista para o início de um movimento de “correcção” (queda) nos mercados de acções.
Com o foco das atenções centrado nas eleições e na reunião da Reserva Federal, o relatório mensal do emprego nos Estados Unidos, um dos barómetros mais observados pelos investidores e analistas, assume este mês uma importância relativa inferior. Os pedidos de subsídio de desemprego divulgados na passada semana caíram para o seu valor mais baixo nos últimos 3 meses deixando os analistas moderadamente optimistas relativamente a um possível decréscimo da taxa de desemprego, que em Setembro se situava nos 9,6%.
Os mercados estão assim sujeitos a possíveis diferentes “correntes”.
Os principais índices de acções registaram uma performance muito positiva nos meses de Setembro e Outubro. O S&P 500, que agrega as acções das 500 principais empresas americanas, valorizou nestes 2 meses cerca de 13%.
Este rally nos mercados de acções foi sustentado em larga medida pela desvalorização do dólar, que poderá estar também próximo de um ponto de inversão. Marc Faber, o astucioso investidor suíço, defendeu na passada semana que a moeda norte-americana se encontra “oversold” (sobrevendida), em contraste com outras moedas como o franco suíço ou o iene japonês, que de acordo com Faber se encontram “overbought” (sobrecompradas). Assim, acreditamos que poderá ocorrer no curto prazo uma inversão desta tendência, despoletando uma recuperação do dólar que terá também como consequência, pelo menos temporária, uma desvalorização dos preços das mercadorias e dos mercados de acções.
Bons investimentos.