A decisão dos clientes, disse o advogado que os representa, resulta de não sentirem avanços nas negociações com os representantes do banco.
“Nas reuniões que mantivemos com os representantes do banco foi assumido um compromisso unilateral de aguardar para ver o desfecho das mesmas. Entregámos documentação que no nosso entender prova várias situações irregulares. Como não há qualquer tipo de esperança de resolver as coisas, iremos avançar [na próxima semana] com as providências cautelares e as queixas-crime”, disse o advogado Luís Miguel Henrique.
Em causa estão clientes que se afirmam depositantes e que, por isso mesmo, consideram que deviam estar inscritos num alegado balanço de 24 de Novembro que o BPP, segundo o advogado, tem usado para determinar quem deve ou não receber dinheiro das contas entretanto congeladas.
“São oito ou nove pessoas que já apresentaram queixas-crime até finais de Dezembro. Vão ser apresentadas mais umas 12 a 14 queixas-crimes de clientes. As providências cautelares dizem respeito ao mesmo número de pessoas (entre 12 e 14), provavelmente agregadas numa ou duas providências”, especificou o advogado.
Luís Miguel Henrique disse também que as soluções para o problema “que têm vindo na comunicação social e que o banco faz passar não interessam minimamente”.
“No final da semana passada, ouvi na comunicação social alguém em nome do banco a dizer que as hipóteses em cima da mesa são duas, qual delas a pior para os clientes: aguardar quatro ou cinco anos para receber o dinheiro, sem qualquer tipo de garantia adicional. Isso é muito difícil de ser aceite. Ou então, se quiserem receber o dinheiro de imediato têm de aceitar perdas na casa dos 30 por cento. Isso é impensável”, sublinhou.
“É impensável que alguém ainda venha a ganhar dinheiro com um comportamento no mínimo irregular, para não dizer criminoso, à custa de todos estes clientes”, acrescentou o advogado.
Luís Miguel Henrique também contesta que o Banco de Portugal e a Direcção Geral do Tesouro se recuse a cumprir uma ordem do tribunal para juntar aos autos o balanço do BPP de 24 de Novembro.
“O tribunal já notificou o Banco de Portugal e a Direcção Geral do Tesouro para juntar o balanço de 24 de Novembro aos autos. Recusam com esta ou aquela desculpa e voltámos a insistir para que o tribunal consiga esse famoso documento, para perceber por que é que alguns credores foram pagos e outros não”, acrescentou o advogado.
“São clientes que tinham dinheiro à ordem e que à sua revelia o banco desapareceu-lhes com o dinheiro da conta para aplicar em determinados fundos e veículos. Obrigatoriamente teriam de estar no balanço. O dinheiro saiu-lhes das contas [em Setembro] e até hoje não receberam, contrariamente a outros credores que teoricamente estarão no famoso balanço que nunca ninguém viu”, concretizou Luís Miguel Henrique.
Os clientes do BPP representados por Luís Miguel Henrique tem no global entre 45 e 50 milhões de euros de euros aplicados no ou através do Banco Privado Português.
Contactada a sociedade de advogados PLMJ, que representa o BPP, não quis fazer comentários.