Talvez só alguns dos muitos milhares de escoceses que invadiram Munique (a esmagadora maioria deles sem bilhete) acreditassem que o resultado final do jogo de abertura do Euro2024 não fosse uma vitória da Alemanha. Como era de prever, os donos da casa venceram a simpática equipa escocesa. O que provavelmente poucos esperavam era que o desnível entre as duas equipas fosse tão acentuado e que o jogo terminasse com uma goleada por 5-1. Um resultado que acabou por se justificar pela eficácia exibição alemã e pela fragilidade demonstrada pelo conjunto britânico. Provavelmente, mais um exemplo de que a decisão patrocinada por Michel Plantini como forma de angariar votos na sua fome de poder pode não ter trazido os melhores frutos ao futebol europeu. Ao aumentar para 24 o número de seleções participantes em fases finais do Campeonato da Europa é simpático e abre espaço a equipas que, de outra forma, não conseguiriam entrar na elite, mas corre-se este risco de ter resultados muito desnivelados e jogos em que não existe, de facto, competitividade. É algo que teremos de avaliar com o decorrer da competição. Esperemos que engane e que, em vez deste tipo de goleadas, apareçam grandes surpresas.
Outra nota que fica da partida inaugural da competição é que a Alemanha, seleção com mais títulos europeus conquistados, surgiu disposta a não facilitar e em terminar com a maldição que, desde 1984, afeta as equipas anfitriãs. Há 40 anos, a França foi a última nação organizadora a conseguir sagrar-se campeã da Europa. De lá para cá, todos os falharam, como os portugueses bem devem estar recordados. É certo que ainda há muita competição pela frente, mas a Alemanha deixou bem claro ao que vem, confirmando ser um dos grandes favoritos à vitória final. Outros dois grandes candidatos e um forte aspirante entram hoje em campo. Às cinco da tarde, a Espanha defronta a Croácia e, às oito da noite, a Itália bate-se com a Albânia. Dois jogos referentes ao Grupo B. Antes, às duas da tarde, Hungria e Suíça fecham as contas da primeira jornada do Grupo A.
Uma nota final para a euforia que continua a viver-se em torno da Seleção Nacional. Depois da calorosa receção que receberam, na quinta-feira, da parte de milhares de emigrantes, mas também de fãs de outras nacionalidades, a equipa das quinas voltou ontem a ser engolida por uma multidão que assistiu ao obrigatório treino aberto que todas as equipas têm de realizar durante a competição. Um ambiente que pode ajudar a motivar os jogadores portugueses, mas que se espera que acalme. A estreia marcada para a próxima terça-feira exige tranquilidade na preparação e concentração nos objetivos. Agora, acabou a festa. É hora de recolher ao trabalho. Para que a festa se faça no fim.