A 5 de julho de 1989, nascia na Bósnia Dejan Lovren que, 29 anos mais tarde, vai jogar pela seleção da Croácia na final do Mundial, um feito que este país ainda não tinha conseguido alcançar. Mas vamos por partes.
O defesa central, que joga desde 2014 no Liverpool – saiu do Southampton por 26,5 milhões de dólares – viu o seu país destruído pela guerra, que matou mais de 100 mil pessoas entre 1992 e 1995. Com apenas três anos, saiu de Kraljeva Sutjeska, a cidade que, na altura, ainda não era parte da Bósnia, mas sim da Jugoslávia. Com ele foram a mãe, o tio e a sua mulher, que viajaram até à Alemanha e onde Dejan descobriu a paixão pelo futebol.
A sua história enquanto refugiado foi motivo suficiente para a realização de um documentário, “A minha vida como refugiado”, que foi emitido numa estação televisiva de Liverpool. “Lembro-me que a minha mãe pegou em mim e fomos para a cave”, conta o jogador, no documentário. “Depois, pegámos no carro e viajámos 17 horas até à Alemanha”, continua.
Os sete anos seguintes foram passados aí mesmo, numa casa que pertencia ao avô e onde vivia uma dezena de pessoas. No jardim da casa fazia o que, já na altura, gostava mais: jogar à bola com o pai. Começou a praticar num pequeno clube onde o pai era treinador e era “simplesmente lindo”, relembra o jogador.
Mas com dez anos, quando a felicidade era já o prato do dia, teve de fazer as malas novamente. A guerra tinha acabado e o governo da Alemanha obrigou todos os refugiados a saírem do país num prazo de dois meses. Deixou para trás todo o início da sua vida, mas levou com ele a paixão pelo futebol.
A Croácia foi o terceiro lar de Dejan Lovren. A adaptação à nova vida, principalmente à língua, foi difícil, prova disso é o sotaque alemão que não deixa de se notar, ainda hoje. Na escola, os colegas riam-se dele, menos nos momentos em que Dejan Lovren jogava futebol. Porque já nessa altura o seu talento era indiscutível. Este domingo, o jogador vai estar em território russo, a representar o país que o recebeu, para tentar conquistar o mundo. E já faltou mais.
Comemoração fascista
O nome de Dejan Lovren não tem sido só falado pela sua história emocionante. Durante a fase de grupos do Mundial, depois da vitória da Croácia sobre a Argentina por 3-0, Dejan Lovren publicou um vídeo no seu instagram que pôs o mundo a falar mal do jogador.
No vídeo, Lovren está no balneário a cantar a música ‘Bojna Cavoglave’, do grupo Thompson, associada à extrema direita da Croácia e que contém uma frase que a antiga organização croata Ustase, fascista e racista que matou, durante a Segunda Guerra Mundial, muitos judeus e ciganos, utilizava como saudação. Ao seu lado, o jogador Šime Vrsaljko acompanhava a música. Um episódio infeliz que não foi nada bem visto e lhe valeu muitas críticas.