A aldeia olímpica dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, virou hospital das tropas de Adolf Hitler e mais tarde, no final da II Guerra Mundial, foi ocupada pelos soviéticos, até ser deixada ao abandono. Perto de Sarajevo, a estância de ski de Igman, que serviu as Olimpíadas de inverno em 1984, tornou-se um local estratégico no conflito dos Balcãs (1991-1995) e ficou parcialmente destruída.
Tantos anos depois, as marcas de guerra continuam visíveis em ambos os locais, mas as balas e as bombas estão longe de serem a única justificação para os edifícios fantasma em que se transformaram piscinas, campos ou estádios onde em tempos brilharam os melhores atletas do mundo. Dos Estados Unidos à China, passando pela França, Alemanha, Finlândia ou Grécia, há inúmeros exemplos de instalações olímpicas desaproveitadas ou simplesmente demolidas, depois de terem custado milhões.
Para evitar entrar para a lista de países que colecionam estas ruínas olímpicas (cujas fotos e vídeos pode ver mais abaixo), o Brasil elaborou um plano de reconversão de vários recintos que estiveram ao serviço dos Jogos do Rio. Concebidos pela AECOM sob o conceito de arquitetura nómada – que mais não é do que uma construção por módulos passíveis de serem desmontados e transformados, uma espécie de lego gigante -, vão mudar a sua utilidade: o Estádio Aquático onde Micheal Phelps nadou pela última vez em competição vai dar origem a dois complexos aquáticos públicos, ambos com a sua piscina de dimensões olímpicas; o pavilhão de andebol, com capacidade para 12 mil espetadores, será desmantelado e os módulos reconvertidos em quatro escolas; e o parque olímpico passará a ser uma grande zona verde, um parque de lazer ao serviço da população do Rio.
É certo que falta executar o plano – só depois dos Jogos Paralímpicos, de 7 a 18 de setembro -, mas o Rio de Janeiro acautelou o futuro para não entrar na galeria de fotos e vídeos que se segue.
Pequim, 2008
Jogos Olímpicos de verão
Passaram apenas oito anos e quase todos os equipamentos desportivos se mantêm com atividades. Não é o caso da pista que recebeu as provas de canoagem (slalom), desativada, nem do estádio de baseball, demolido logo a seguir à competição tal como estava previsto. E também não é o caso do espetacular recinto onde decorreu a competição de voleibol de praia, hoje transformado em ‘expositor’ de grafites.
Atenas, 2004
Jogos Olímpicos de verão
Se o Estádio Olímpico é casa de dois clubes de futebol, Panathinaikos e AEK de Atenas, se um dos pavilhões continua a receber competições desportivas e o outro é agora um centro de congressos, e se parte da aldeia olímpica passou a condomínio fechado, não há país que tenha mais elefantes brancos olímpicos para amostra. A maioria das infrastruturas está degradada e abandonada, como por exemplo a pista de canoagem (slalom), a piscina de saltos para a água ou o estádio de voleibol de praia, que surgem nas imagens em baixo.
Atlanta, 1996
Jogos Olímpicos de verão
O Estádio Fulton County, onde se disputou a competição de baseball, foi implodido em 2007 e o espaço é hoje um parque de estacionamento. Tinha custado 18 milhões de dólares. No mesmo ano fechou o Centro de Ténis Stone Moutain, um investimento de 22 milhões de dólares que se transformou numa intraestrutura fantasma, como se pode ver num vídeo amador publicado no YouTube que a VISÃO aqui partilha
Sarajevo, 1984
Jogos Olímpicos de inverno
A construção da estância de ski de Igman, nos arredores de Sarajevo, iniciou-se quatro anos antes da competição e reuniu 90 mil espetadores para assistirem às provas de saltos. Foi um sucesso que fez disparar os praticantes desta modalidade de inverno na região. O problema chegou com a guerra dos Balcãs, na primeira metade dos anos 90, uma vez que as montanhas de Igman eram um ponto estratégico e foram palcos de intensas batalhas entre os exércitos da Bósnia e da Sérvia. A destruição tornou o espaço inutilizável e, apesar dos planos de reabilitação existirem desde 2010, ainda não saíram do papel. As obras terão de ser feitas de raiz, dada a deteriorização dos equipamentos. A pista de Luge e Bobsleigh também está em ruínas.
Vídeos dos Jogos de Sarajevo antes e depois:
Grenoble, 1968
Jogos Olímpicos de inverno
A localidade de Saint-Nizier-du-Moucherotte foi escolhida para acolher as competições de ski. A obra de 1966 custou 900 mil euros (na moeda atual) e manteve-se funcional até ao início dos anos 90, até que a degradação do equipamento inviabilizou a sua utilização. Desmantelá-lo ou recuperá-lo tem custos avultados, pelo que permanece abandonado há mais de 20 anos.
O complexo de ski antes e depois:
Helsínquia, 1952
Jogos Olímpicos de verão
A piscina olímpica ficou a apodrecer durante décadas até que, em 2012, o governo finlandês decidiu restaurá-la para uso da população.
Veja o vídeo e as fotos, antes e depois:
Berlim, 1936
Jogos Olímpicos de verão
Cerca de quatro mil atletas, incluíndo Jesse Owens, ficaram alojados na aldeia olímpica, que além de hospital das tropas de Hitler e refúgio dos soviéticos na II Guerra Mundial também já foi uma escola e acabou transformada, na década passada, em museu. Tinha um lago artificial, teatro e serviço bancário e postal. Alguns edifícios foram parcialmente restaurados, como o da piscina aquecida, na imagem em baixo.