“Neste momento já não há rivais. Agora representamos o nosso país e estamos aqui para vencer”, disparou logo a abrir o capitão do Sporting, para depois endereçar os parabéns ao companheiro de seleção pelo título de campeão nacional do Benfica: “Se foi justo ou não, isso não existe no futebol. O importante é que foram eles os campeões e não há mais nada a discutir. Não interessa quem joga melhor ou pior, o que interessa é quem ganha. Fizemos uma grande época, mas no fim tinha que haver um vencedor. Infelizmente, faltou essa felicidade”.
Bem entrosados, Adrien e Renato seguiram a mesma tática quando lhes foi solicitado um comentário às muitas polémicas que marcaram a temporada, com a troca de galhardetes entre treinadores e dirigentes a ocuparem muito espaço nos jornais. O médio do Benfica salientou que “o futebol é para ser jogado no campo”, garantindo que “lá dentro não há guerras”, ao contrário do que pode acontecer no exterior. “Claro que fora do campo há sempre desavenças, mas nós estamos cá para falar dentro do campo. O resto não nos interessa”, declarou, antes de passar a bola ao homólogo leonino: “Nós só temos de desfrutar da nossa paixão e da sorte que temos por podermos participar em jogos e competições importantes e disputar títulos. Essas outras coisas fazem parte, mas não nos podem preocupar”.
A sintonia manteve-se na hora de nomear as seleções candidatas à vitória no Euro-2016. “Como principal candidato vejo Portugal”, atirou Adrien, ao que Renato anuiu: “Perfeitamente, Portugal”. Sobre os adversários menos cotados que a equipa das quinas vai enfrentar na fase de grupos (Áustria, Hungria e Islândia), muitos cuidados e caldos de galinha. “Temos de estar focados. Se estão no Campeonato da Europa é porque têm o seu valor”, sublinhou o jogador do Benfica, para o do Sporting assinar por baixo e lançar o alerta: “Se tivermos essa mentalidade vamos ter surpresas como nas fases de qualificação”.
Os dois sabem que vão disputar um lugar no onze titular (com João Moutinho), mas a batata quente deixam-na para o “mister” Fernando Santos. Entre eles, só elogios. Segundo Adrien, “o Renato é a prova de que existe muito talento jovem em Portugal” e “um incentivo para os jovens acreditarem” no seu valor. E para Renato, Adrien era alguém que já seguia pela televisão e por quem tem “muito respeito”: “É normal que veja nele coisas que ainda tenho de aprender”.
Nenhum deles esperava estar nos 23 convocados de Fernando Santos para o Europeu de França, mas havia uma certa esperança no ar. Aos 27 anos, Adrien já ansiava há muito pela sua primeira fase final ao serviço da Seleção A e falou numa “sensação muito boa”, enquanto o benjamim da equipa, com 18 anos, celebrou com os amigos. “Quando eles souberam saltaram para cima de mim, fizeram uma festa. E depois fomos dar uma volta”, soltou, entre sorrisos, sem querer entrar em pormenores.
Como avisou antes, Renato Sanches prefere falar dentro das quatro linhas. Diz que na mala para França, além da pasta de dentes, é preciso “levar coragem e inspiração”. E promete ser igual a si próprio. Selvagem, como um dia Rui Vitória o descreveu? “Acho que isso se deve à minha irreverência. Se calhar ele disse isso no sentido de dar tudo. Sim, continuo o mesmo. Acho que ainda estou selvagem”. Um selvagem e um maduro às ordens de Fernando Santos.