Não será certamente só pela necessária tradução para o inglês que partilhamos, apesar de virmos de outros universos culturais. Han Kang fala pausadamente, como se escolhesse, precisa e delicadamente, cada palavra. Antes de responder a uma pergunta, hesita, toma o seu tempo para depois afirmar o seu universo único, a sua atenção à grande e à pequena escala, ao feio e ao belo, ao mal e ao bem, e sobretudo às ligações entre todos os aspetos do mundo natural e humano. Características, aliás, que têm feito a fortuna da sua obra, já distinguida com os mais diversos e importantes prémios literários, incluindo, no ano passado, o Nobel da Literatura, o primeiro atribuído a um escritor do seu país.
Nascida em 1970, em Gwangju, Han Kang descobriu a vocação literária, na leitura e na escrita, muito cedo. Estreou-se no final dos anos 90 do século passado, com poesia, e tem publicado sobretudo romances (ver caixa). Em alguns, como no mais recente, Despedidas Impossíveis, regressa a acontecimentos históricos, massacres e tragédias que durante muitos anos foram tabu na sociedade sul-coreana. Um empenhamento cívico que passa sobretudo pela atenção às pessoas comuns, às suas fragilidades, mas também às suas enormes capacidades de resistência e de amar.