O Festival Músicas do Mundo estava na minha lista de to do things desde há muitos anos, culpa dos relatos entusiastas que ouvia sempre que alguém regressava de uns dias de imersão nesta realidade paralela. Por uma razão ou por outra, nunca conseguia ir a Sines e a Porto Covo nestas datas. Calhou este ano ter a minha estreia, logo no primeiro fim de semana de festival, com direito a seis concertos (três por noite) em diversas línguas e artistas de nacionalidades tão diferentes como portuguesa, brasileira, colombiana, tanzaniana ou maliana. Por estes dias, no largo Marquês do Pombal, consegui recuperar a esperança na Humanidade, depois de andar desiludida com o comportamentos da nossa espécie noutros festivais de verão.
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Aqui, sim, a boa onda é contagiante – não se gera qualquer atrito, daqueles típicos de quando uma multidão se junta, com álcool e outras substâncias capazes de alterar humores para o lado da violência. A GNR só aparece, pacata, no final do último concerto, quando já passa da uma da manhã, e só então nos lembramos de que estão aqui milhares de pessoas, muitas delas crianças que às vezes até adormecem pelo chão. Os cães, de diversas raças e tamanhos, também marcam presença e alguns até dançam, palavra de honra.
Durante os três dias em que o Festival Músicas do Mundo aterra em Porto Covo – nem sempre foi assim, dantes era apenas em Sines – misturam-se os locais com os de fora, os turistas com os festivaleiros, os mais novos com os mais velhos, os que fazem negócio com o que só querem estar na boa. A música, essa, está sempre em pano de fundo e ouve-se a partir de qualquer ponto desta terra de veraneio. Os três ecrãs gigantes, colocados estrategicamente em diversos locais do largo, ainda permitem que se veja o palco e a energia que emana dele mesmo que não se seja alto, como é o meu caso…
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À volta da zona onde tudo acontece, montaram-se balcões para nos abastecermos de bebida, claro, mas nas traseiras, onde costuma haver um parque de estacionamento, encontra-se agora um feirinha com comidas do mundo (prove-se o crepe tradicional marroquino, com mel e amêndoas raladas) e muitas bancas com artesanato (o difícil é escolher). Uma pequena amostra do festival das tasquinhas que já começou em Sines, mas que ganhará novo ânimo a partir de terça-feira, 23, quando a música se mudar para esta cidade alentejana.
Com a Lua cheia a iluminar ainda mais esta povoação de pescadores e o vento sossegado, não se descarta um passeio até ao mar – fica apenas a dez minutos de uma caminhada contemplativa e as vistas, ainda que de noite, valem mesmo a pena. E pelo meio, há comércio local de portas abertas até ao final da festa. Aqui, em Porto Covo, por volta das duas já está tudo arrumado. Há que economizar baterias – em Sines a conversa é outra. Nas próximas noites de sexta e sábado, dias 26 e 27, os últimos concertos começam, no palco da praia Vasco da Gama, às cinco da manhã. Lá estaremos, com boa energia!
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