Valdemar Cruz estava há pouco tempo na redação do Porto do semanário Expresso quando lhe tocou ir ao escritório do arquiteto Álvaro Siza Vieira, na Rua da Alegria. Estávamos no início dos anos 90 do século passado. À distância de mais de três décadas, ainda recorda um pormenor, daqueles que não passam despercebidos aos bons jornalistas: “Na porta de entrada do prédio, junto às escadas, estava afixado um letreiro, em sete ou oito ou mais línguas, a dizer para fechar a porta. E porquê? Porque ele já tinha muitos colaboradores de diversos países que iam ali estagiar… Foi a melhor maneira de perceber o seu impacto internacional, já na altura”, lembra à VISÃO. A génese do livro de que aqui falamos, Paisagens Construídas, estará nesse momento. “Primeiro passo de uma longa caminhada”, lê-se no prólogo. A arquitetura foi um tema que passou a fazer parte dos interesses, pessoais e profissionais, de Valdemar Cruz. E o entendimento com Álvaro Siza Vieira foi tão bom que o jornalista haveria de fazer vários trabalhos sobre, e com, ele (incluindo o livro Retratos de Siza, publicado em 2005).
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Casa do Cipreste, Sintra 1914
Raul Lino
O arquiteto Raul Lino (1879-1974) gostava de dizer desta casa, construída para si próprio, que estava “enroscada como um gato ao sol”. Para muitos especialistas, é a grande obra-prima desta figura sempre associada ao “estilo português suave” e ao Estado Novo.