“A fantasia de qualquer pessoa negra é ser vista, compensada, abraçada por tudo o que merece”, considerou a atriz, durante uma conferência sobre o filme, em que a Lusa participou. “Estamos sempre a negociar isso”.
O filme dos estúdios Amazon MGM está em campanha para nomeações na temporada de prémios em Hollywood, incluindo para os Globos de Ouro, Critics Choice Awards e Óscares.
Viola Davis pode ser nomeada na categoria de Melhor Atriz Secundária no filme realizado por Ben Affleck e protagonizado por Matt Damon, que conta como a Nike conseguiu um contrato com o basquetebolista Michael Jordan em 1984 para criar as agora icónicas sapatilhas Air Jordan.
Foi Deloris Jordan, a mãe do desportista, que conseguiu desbloquear o negócio para que a Nike aceitasse pagar 15 milhões de dólares ao então jovem de 21 anos. Viola Davis considerou que houve uma questão de raça nas negociações.
“Quando as pessoas veem filmes sobre raça, são sempre tiroteios com a polícia, escravatura, enforcamentos, linchamentos, quando na verdade o racismo é muito complicado”, disse a atriz.
“É um fio subtil nas conversas que faz as pessoas negras sentirem que não são valorizadas”, continuou. “Vejo isso nos teus olhos, na forma como me falas, na forma como me queres pagar. É uma falta de equidade”.
Deloris convenceu a Nike a pagar aquilo que achava que o seu filho merecia, e por isso a história torna-se inspiradora, considerou Viola Davis.
“Este filme é sobre o poder dos sonhos”, afirmou. “Os sonhos mantêm-nos vivos. E a melhor parte é quando sonhamos o maior sonho do mundo e de alguma forma ele acontece”.
Ben Affleck, que não só realiza como interpreta o então CEO da Nike, Phil Knight, elogiou o talento dos atores e a forma como confiaram nele. “Estou grato por isso. E o facto de ainda falarem comigo”, gracejou.
Marlon Wayans, que encarna George Raveling — alguém que teve tremenda influência no contrato — salientou o facto de este não ser um filme com um orçamento gigantesco e incríveis efeitos especiais.
“São apenas excelentes atores com um excelente realizador e um excelente guião”, caracterizou. “No final, as pessoas saem do filme a sentirem-se bem. Como nos anos 80, quando viam Rocky”, comparou.
“Acho que Hollywood ficou tão presa nos super-heróis e explosões que se esqueceu da simplicidade de uma história humana. Este filme é uma delas”.
As nomeações para os Globos de Ouro são conhecidas a 11 de dezembro, enquanto para os Critics Choice Awards serão reveladas a 13 de dezembro. A Academia anuncia as escolhas para os Óscares a 23 de janeiro.
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