O anúncio dos prémios e menções honrosas decorreu ao final da tarde de hoje na Biblioteca de Marvila, em Lisboa, numa cerimónia organizada pela associação Acesso Cultura, enquadrado numa semana de iniciativas para promover a reflexão e uma maior consciência em torno do que é o acesso físico, social e intelectual.
As menções honrosas foram entregues à associação Terra Amarela pelo espetáculo “Zoo Story”, à associação cultural Música Portuguesa a Gostar Dela Própria pelo projeto “A música cigana a gostar dela própria”, e à associação Bagos D’Ouro pelo projeto “FazParte! – Programas de Expressão Artística para a Inclusão Social”.
O júri destes prémios de boas práticas na área da acessibilidade cultural foi constituído pela museóloga Ana Braga, pela curadora e programadora cultural Lara Seixo Rodrigues e pela bailarina Mickaella Dantas, indicou a Acesso Cultura em comunicado.
Contactada pela agência Lusa, a organização explicou que decidiu acabar este ano com as categorias do palmarés “porque as entidades já trabalham todas habitualmente nas várias áreas”.
Na justificação, o júri recordou que o Lu.Ca – Teatro Luís de Camões reabriu em 2018 “com a missão de programar esta peculiar sala de espetáculos de bairro, exclusivamente para crianças e jovens”.
Ressalvando a necessidade de resolver a situação numa sala no primeiro andar do prédio que tem acesso apenas por escadas, o júri referiu que é “notável constatar a visão integrada que criaram, que se inicia com nomear um elemento da equipa responsável pela articulação da programação e públicos, garantindo a salvaguarda dos instrumentos de acessibilidade física, intelectual e social”.
Esta candidatura não teve a apreciação do membro do júri Ana Braga, por fazer parte do corpo profissional da Empresa de Gestão de Equipamentos e Gestão Cultural (EGEAC), sendo o Lu.Ca um equipamento cultural gerido por aquela empresa municipal de Lisboa, referiu a organização.
Os 5.ª Punkada são um projeto da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra fundado por Fausto Sousa há quase três décadas e ao qual se foram juntando Fátima Pinto, Jorge Maleiro e Miguel Duarte.
A estes quatro músicos, juntou-se recentemente a Omnichord, na sala da Quinta da Conraria, sob orientação do produtor Rui Gaspar (dos First Breath After Coma), mediação do musico-terapeuta Paulo Jacob, também com colaborações de Surma e de Victor Torpedo, e aí foi gravado o álbum “Somos Punks ou não?”, que se transformou num espetáculo e saiu em digressão.
Ao distinguir este projeto, que chegou a subir ao palco com os britânicos Coldplay na última de quatro noites da banda no Estádio Cidade de Coimbra, o júri visou “o reconhecimento público de todas as entidades envolvidas no mesmo, enquanto exemplo de integração social, intelectual e física”.
Outra entidade distinguida foi a associação cultural Figura Nacional, pelo projeto “Cinema Insuflável” que leva “cinema de qualidade a crianças onde ele não chega”.
“Este projeto distingue-se pela forma criativa e integrada com que responde a barreiras de acesso à participação cultural, em particular o isolamento geográfico e a falta de equipamentos culturais em determinadas regiões”, assinalou o júri.
Desde 2013 que a associação Acesso Cultura desenvolve as suas atividades de promoção da inclusão e criação de acessibilidade cultural em várias áreas, tendo publicado em 2020 o manual “A participação cultural das pessoas com deficiência ou incapacidade: como criar um plano de acessibilidade”.
Esta entidade sem fins lucrativos, reconhecida oficialmente em fevereiro de 2021, pela sua utilidade pública, trabalha em regime de voluntariado e com parcerias.
AG // TDI