Em conferência de imprensa esta manhã na Casa da Música, no Porto, Maria ‘Masha’ Alekhina, um dos elementos do coletivo russo, explicou aos jornalistas que os espetáculos no Porto e em Lisboa vão ter uma duração de cerca de uma hora e serão um “manifesto” que contará a história das Pussy Riot desde a primeira ação em 2012 até 2020.
“É um manifesto. Não é um documentário. É o nosso apelo para eleições. Um apelo internacional. É uma combinação de diferentes histórias, instrumentos, vídeos, coisas inesperadas. Tudo isto com um único objetivo. Acreditamos que cada pessoa é muito importante. Cada ação é importante para mudar o mundo. Em 2012, não esperávamos nenhuma atenção internacional ou conferências de imprensa. Era uma ação pequena. Mas as grandes coisas começam sempre por ser pequenas, por isso queremos que as pessoas se manifestem e protestem”, declarou Alekhina.
A ativista acrescentou que quer que as pessoas “vejam e ouçam a verdade”.
“Queremos que as pessoas percebam que existe uma estreita ligação entre o que está a acontecer no interior da Rússia e o que está a acontecer atualmente na Ucrânia. Parece muito simples, mas infelizmente ainda não está claro para todos e nós queremos que fique bem claro”, acrescentou a artista.
As Pussy Riot revelaram que estão a angariar dinheiro para ajudar na construção do novo Hospital Pediátrico em Kiev, na Ucrânia.
“Falámos com o médico cirurgião chefe do Hospital Pediátrico de Kiev que contou histórias terríveis que estavam a acontecer às crianças em toda a Ucrânia que chegavam àquela unidade hospitalar nas primeiras semanas da guerra com ferimentos graves e a precisarem de cirurgias. Ficámos muito tocados pelas histórias e quisemos ajudar”, explicou Alexander Cheparukhin, produtor da digressão das Pussy Riot, durante a conferência de imprensa.
Fundadas em 2011, as Pussy Riot tornaram-se conhecidas um ano depois, quando três dos seus membros foram detidas na sequência de uma atuação contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, numa igreja de Moscovo. Foram acusadas e condenadas a dois anos de cadeia por “vandalismo motivado por ódio religioso”.
Duas das integrantes do coletivo foram, desde então, classificadas “agentes estrangeiros” pelo Estado russo. Alekhina, uma das três presas em 2012, foi detida seis vezes desde o verão passado, tendo agora abandonado a Rússia, sob disfarce, em abril, como relatou ao New York Times.
O coletivo russo Pussy Riot, com cerca de dez ‘performers’ e outros tantos elementos responsáveis pela filmagem de vídeos, sua produção e distribuição, está em digressão europeia há cerca de um mês, tendo já atuado na Alemanha, Áustria e Países Baixos.
Na quarta-feira, sobem ao palco da Sala Suggia, na Casa da Música. Um dia depois atuam no Capitólio, em Lisboa.
A Rússia lançou em fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
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