A informação foi divulgada hoje pelo museu, na sua página de Internet, anunciando que esta fotografia, a maior de sempre de uma obra de arte, é quatro vezes mais nítida do que a da sua predecessora, que o Rijksmuseum, em Amsterdão, publicou há cerca de 18 meses.
Esta imagem, que está disponível para visualização no ‘site’ rijksmuseum.nl/Nightwatch, foi feita no âmbito do trabalho de investigação e restauro de “A Ronda da Noite”, que se iniciou em 2019.
Com uma resolução de 717 gigapixels – cada pixel representa uma área de 5 micrómetros (0,005mm quadrados) e a imagem composta completa tem 8.439 fotografias individuais de 5,5cm por 4,1cm cada – esta fotografia permite ampliar ainda mais as minúsculas partículas de pigmento no quadro “A Ronda da Noite” e tornará o trabalho significativamente mais fácil.
“Janeiro de 2022 assistirá ao início da fase de conservação de ‘A Ronda da Noite’. A frente do quadro não estará visível durante um curto período de tempo, mas graças a esta imagem, o público continuará a poder admirar a obra-prima de Rembrandt ao mais ínfimo pormenor”, escreveu o diretor do Rijksmuseum, Taco Dibbits, num texto publicado no ‘site’.
Para conseguir esta imagem, a equipa utilizou uma câmara especial, recorrendo à inteligência artificial para juntar estas fotografias mais pequenas e formar a imagem grande final.
O cientista Robert Erdmann, que lidera a equipa, afirmou que “fazer esta imagem tem sido um grande desafio” que “muitas pessoas pensaram ser impossível, considerando mesmo uma loucura tentar”.
“Ultrapassámo-nos no que pode justificadamente ser descrito como um feito a nível mundial”, considerou.
Esta nova imagem permite aos cientistas envolvidos na operação de investigação e restauro estudar a pintura à distância com ainda mais detalhe, além de que tornará possível acompanhar os futuros processos de envelhecimento com uma precisão ainda maior.
A fotografia é tão nítida que as redes neurais podem agora ser utilizadas para detetar rapidamente partículas que não eram detetáveis com a fotografia anterior.
A segunda fase da operação de restauro de “A Ronda da Noite” vai ter início a 19 de janeiro deste ano, com os primeiros procedimentos no próprio quadro.
A primeira tarefa consistirá em montar “A Ronda da Noite” num novo esticador, um procedimento necessário devido às “deformidades” na tela, particularmente as ondulações claramente visíveis no canto superior esquerdo.
Embora este seja um aspeto que necessita de atenção imediata, é facilmente remediado e não terá impacto no futuro da pintura, explica a equipa.
Posteriormente, serão avaliados passo a passo os procedimentos a serem realizados.
Lançado em julho de 2019, o projeto de restauro e investigação do quadro é o maior e mais ambicioso de sempre do Rijksmuseum.
“A Ronda da Noite” é uma pintura a óleo sobre tela, uma das mais famosas de Rembrandt, executada em 1642, que ocupa habitualmente a galeria de honra do Rijksmuseum, e que mostra a guarda de Amesterdão sob o comando do capitão Frans Banning Cocq.
Trata-se de uma obra que se enquadra na tradição holandesa de retratos coletivos, surgida na chamada idade de ouro da arte dos Países Baixos.
No âmbito do projeto, o Rijksmuseum criou uma caixa de vidro de grandes dimensões em volta da pintura para ser restaurada à vista do público.
AL (AG) // MAG