Em 2004, era Pedro Roseta ministro da cultura e António Lagarto o diretor do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), houve uma decisão governamental drástica sobre o funcionamento daquele teatro fundado em 1846 por Almeida Garrett: deixaria de contar com uma companhia residente de atores. O processo de extinção acabaria por resultar numa situação híbrida, em que alguns atores e atrizes continuaram a fazer parte dos quadros da instituição, sendo aproveitados de modos diferentes de acordo com as opções dos vários diretores artísticos. Atualmente, fazem parte dos quadros do TNDMII João Grosso, Lúcia Maria, José Neves, Paula Mora e Manuel Coelho. “Não é um pouco estranho?”, perguntámos a Tiago Rodrigues. “É”, respondeu o diretor artístico. “O Teatro Nacional D. Maria II tem de voltar a ter companhia residente. Neste momento, essa é uma esperança muito concreta que faz parte daquilo que eu entendo que é a missão de um teatro nacional. Tem de ser, claro, uma ideia de corpo artístico sustentável e adaptada à possibilidade de alterações nos projetos artísticos ao longo do tempo. Há vários modelos na Europa nos quais podemos inspirar-nos. Acredito que é possível num curto prazo e estou a trabalhar para isso. É um processo em curso e, claro, há um debate público a fazer.” Chegou a altura de o começar?
O atual mandato de Tiago Rodrigues à frente do TNDMII terminará no final de 2020.
Recorde-se que Tiago Rodrigues recebeu este ano o Prémio Europa de Teatro – Realidades Teatrais (organizado pela Comissão Europeia) que irá receber em novembro em São Petersburgo, Rússia. Antes de ele, Portugal só tinha sido representado em 2010 quando a companhia Teatro Meridional, de Miguel Seabra e Natália Luiza, recebeu esse mesmo prémio.